Análise: O que chama atenção no diálogo China-EUA sobre questão de defesa?
O Diálogo Shangri-La foi inaugurado hoje (10) em Singapura. Trata-se de um fórum multilateral com foco na segurança da Ásia-Pacífico e esta edição conta com a participação do ministro chinês e do secretário norte-americano de Defesa.
O relacionamento China-EUA encontra-se em uma importante encruzilhada. Levará ao confronto, diálogo ou cooperação? É um jogo de soma zero ou parceria ganha-ganha? A China tem adotado uma postura clara e consistente, enquanto os Estados Unidos devem pensar cuidadosamente e fazer uma boa escolha.
Então, deve-se ter cuidado com o que no diálogo China-EUA sobre questão de defesa em Singapura?
I. Criar culpabilidade para a China
O Diálogo Shangri-La segue o realinhamento estratégico das políticas de Washington destinadas à China. Em comparação com a última administração, o governo de Joe Biden tenta moldar o ambiente estratégico em torno da China por meio da formação de alianças.
Antes do evento, a Austrália e o Canadá enviaram aviões militares para voar perto do espaço aéreo da China. Ambos haviam alegado anteriormente que “aviões chineses ameaçam sua segurança”. Até mesmo internautas estrangeiros perguntaram por que um jato canadense estava sobrevoando próximo à China.
Na verdade, o objetivo é difamar a China para que o país carregue culpabilidade no encontro multilateral. Escolher tal momento especial para realizar tal intuito só revela maldade, e esse truque já foi repetido muitas vezes. Quem é o cérebro por trás dos bastidores? Não há necessidade de dizer.
Além disso, dos 400 convidados de dezenas de países participantes do diálogo Shangri-La, 88 representam a Casa Branca. Eles são bons em manipular tópicos aproveitando a vantagem numérica.
Porém, cada dia mais países não se sentem confortáveis com o comportamento norte-americano. É preciso lembrar que em 2016, a imprensa singapuriana divulgou uma carta aberta alertando que, ao fazer provocações contra a China, os EUA estão brincando com fogo. Em 2018, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, manifestou oposição clara ao posicionamento da região Indo-Pacífico como uma estratégia ou um clube de sócios limitados. Em 2019, o ministro de Defesa das Filipinas afirmou que o seu país não quer escolher um lado nem se envolver em qualquer guerra agitada pelos estadunidenses.
Neste atual contexto internacional complexo, os Estados Unidos devem ponderar o custo por trás do desejo comum dos países da região, que buscam pela paz e desenvolvimento.
II. Lidar com a China "numa posição forçada"
Ao lidar com a China, alguns políticos norte-americanos apenas pensam em obter "vantagem à sua frente” e continuam tendo a ilusão de conversar com a China "numa posição forçada".
Do ponto de vista geral das relações China-EUA, esse comportamento é muito imprudente, especialmente uma vez que os dois lados já se comprometeram para implementar o consenso alcançado pelos Chefes de Estado.
Tomemos como exemplo a questão de Taiwan, que tem sido a linha vermelha de interesse da nação chinesa. O governo norte-americano anunciou nesta quarta-feira (8) que iniciará o processo de informar o Congresso sobre a venda de US$ 120 milhões de "peças de navios da marinha e suporte técnico" a Taiwan. Trata-se da quarta vez que o governo de Biden vende armas a Taiwan, ato obviamente prejudica a soberania e segurança da China e afeta gravemente a paz e estabilidade no Estreito de Taiwan.
Os norte-americanos não devem subestimar a determinação e capacidade do Exército de Libertação Popular da China para defender os interesses e a dignidade nacionais.
III. Enrolar os países vizinhos
Após a viagem por Singapura, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, planeja visitar a Tailândia, com o intuito de promover uma coordenação para promover a “estratégia Indo-Pacífico”.
No entanto, o vice-premiê e chanceler tailandês acabou de visitar a China e destacou a valorização e manutenção do desenvolvimento pacífico na Ásia, que não foi obtido facilmente.
Washington precisa escutar as opiniões dos países asiáticos se pretende utilizar a questão da segurança na região. Mas talvez os norte-americanos não possam se simpatizar com a conexão histórica de todos os povos asiáticos.
A história da China já comprovou que ela é uma defensora sólida da paz na Ásia, nunca provocando conflitos, mas ao mesmo tempo, nunca os temendo.
Sentar-se na mesma mesa para negociar ainda é uma boa oportunidade para a China e os Estados Unidos resolverem suas divergências e chegarem a um consenso. Claro, o mais importante é agir em vez de apenas falar.
Tradução: Isabel Shi
Revisão: Erasto Santo Cruz