Visão: Com Shenzhou-14, chineses voltam ao espaço

Published: 2022-06-06 16:42:39
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Por Hélio de Mendonça Rocha, articulista e repórter da política internacional do Brasil


Neste dia 5 de junho, a República Popular da China deu um novo passo na conquista espacial, um legado que, mais que para o país, é um passo importante para a ciência e a sociedade de todos os países e culturas. Nova missão tripulada, intitulada Shenzhou 14, enviou três taikonautas (nome chinês para o equivalente “astronauta”, americano), para trabalhar na Estação Espacial Tiangong, visando a montagem dos laboratórios Wentian e Mengtian, que serão enviados ao espaço entre julho e outubro. Com essa expedição e os aperfeiçoamentos almejados na estação, a China espera aprimorar a pesquisa espacial.

A nave foi lançada pelo foguete Longa Marcha-2F às 10h44 da manhã, horário chinês, saindo da base de Jiuquan, província de Gansu, noroeste da China. Três taikonautas foram destacados para a missão. Chen Dong, piloto e comandante, faz seu segundo voo espacial, depois de viajar pela Shenzhou 11, em 2016. Liu Yang, retorna ao espaço depois de ser a primeira mulher a participar do programa espacial chinês, pela expedição Shenzhou 9, em 2012. Cai Xuzhue, faz o primeiro voo à órbita terrestre. Os três são pilotos da Brigada de Astronautas do Exército de Libertação Popular.

A missão Shenzhou-14 completará a construção da estação espacial Tiangong, com uma estrutura básica de três módulos, o central Tianhe e os dois laboratório Wentian e Mengtian.

“As experiências no laboratório Wentian envolvem mecanismos de resposta sobre o crescimento, desenvolvimento, hereditariedade e envelhecimento de plantas, animais e microorganismos, assim como na pesquisa de ecossistemas fechados”, afirmou o vice-diretor da Agência Espacial Tripulada da China, Lin Xiqiang, à agência Xinhua. Os taikonautas, futuramente, poderão fazer experimentos biológicos em vários níveis em moléculas, células, tecidos e órgãos em Wentian usando “diversos métodos de detecção online, como luz visível, fluorescência ou imagens microscópicas. Wentian também pode fornecer um ambiente de simulação de gravidade variável para apoiar o estudo comparativo do mecanismo de crescimento biológico em diferentes condições de gravidade”.

O módulo de laboratório Mengtian apoiará principalmente a pesquisa de microgravidade, com experimentos para o estudo da física dos fluidos, ciência dos materiais, ciência da combustão e física básica. Segundo Lin, “um sistema de relógio atômico frio baseado no espaço será estabelecido, consistindo de um relógio de hidrogênio, um relógio de rubídio e um relógio óptico, os relógios atômicos frios formarão o sistema de tempo e frequência mais preciso do espaço”. Depois que a estação espacial entrar em operação normal, pesquisas científicas de ponta, como matéria e energia escura, formação e evolução de galáxias, natureza dos materiais e vida, lei de variação da resposta humana no espaço, assim como o desenvolvimento sustentável da Terra.

O projeto Shenzhou, cujo nome aproximado em português seria “barco divino”, é aquele que colocou o programa espacial do país na ponta da tecnologia de naves tripuladas do mundo, ao lado das iniciativas russas e norte-americanas. Hoje, os três mantêm os mais frutíferos projetos de pesquisa e expedição no espaço, com envios de sondas e seres humanos para melhor compreensão da formação, extensão e composição do universo, além do comportamento dos fenômenos físicos existentes na Terra, quando observados e estudados em outras situações atmosféricas e gravitacionais.

Se o envio de sondas mostra-se, atualmente, a forma mais adequada de expansão da humanidade pelo espaço, não sendo possíveis missões tripuladas interplanetárias com uso da tecnologia atual, o uso de cientistas espaciais mostra-se essencial para a compreensão dos fenômenos que atingem o nosso planeta, o que é fundamental para a preservação da Terra e da espécie.

Por exemplo, os estudos de gravidade zero e queda livre são importantes para entender como funcionam os corpos nessa condição, entendendo como “corpo” tudo aquilo que é formado pela matéria, desde objetos até coisas líquidas. Mantendo este tipo de pesquisa, o ser humano pode entender melhor como desenvolver novas ferramentas para utilização em órbita, aprofundando as pesquisas em biotecnologia e compreensão dos seres vivos, como as que serão realizadas, mas também podendo melhorar satélites com funções de observação e transmissão de dados, além do monitoramento de oceanos e ecossistemas.

Os estudos em física dos materiais e matéria e energia escuras, por sua vez, são mais importantes no que diz respeito às viagens espaciais, ou seja, às sondas que o ser humano envia para os lugares mais distantes. Grande parte delas, além das destinadas a explorar a atmosfera de Marte e outros planetas e luas, viaja aos ermos do universo para enviar fotos e informações sobre como se comportam os fenômenos naturais em diferentes partes do cosmo. Por isso, quando se estuda essas variáveis aplicadas a determinados objetos ou materiais orgânicos, busca-se prever como reagem em situações similares, que podem ocorrer a anos luz da Terra.

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