Qual é o atleta que pode virar e determinar o resultado de um jogo? Quem pode atrair multidões a um jogo esportivo? Se essas perguntas fossem feitas ao presidente dos EUA, Barack Obama, às estrelas da NBA ou à população americana ou chinesa em geral, a resposta seria invariavelmente a mesma: Jeremy Lin, um jogador de americano de descendência chinesa.

Para os torcedores de basquetebol, Jeremy Lin foi, com certeza, o nome mais ouvido nas últimas semanas. Este moço de traços ocidentais e cabelo preto esteve no centro das atenções nos EUA, na China e até no mundo. Lin não era visto como uma das grandes esperanças do basquetebol norte-americano. No entanto, devido ao seu desempenho em campo durante os últimos jogos, conseguiu mudar a impressão acerca de si mesmo e iniciou uma loucura à volta da sua pessoa que é frequentemente apelidada de "Linsanity".

(Audio)

No dia 10 de fevereiro, o New York Knicks recebeu o famoso e bem forte time Los Angeles Lakers, no Madison Square Garden em Nova Iorque. Durante o jogo, Jeremy Lin atacou repetidamente a equipe adversária, rasgando a defesa dos Lakers. No final do jogo, Lin tinha marcado 38 pontos (o número mais alto da sua carreira profissional) e feito 7 assistências. Kobe Bryant, a super estrela da NBA, foi eclipsado pelo desempenho de Lin. Depois do jogo, o estádio se encheu com a aclamação de Lin como "MVP" (a sigla em inglês do Melhor Jogador), o que representou a conquista da "Meca do basquetebol" por parte do jogador.

No curto espaço de uma semana, Jeremy Lin passou de um jogador que quase tinha sido dispensado pela equipe a um dos jogadores mais populares e mais reconhecidos da NBA. A história de Lin se conta como uma produção cinematográfica norte-americana. No jogo contra o time New Jersey Nets, no dia 5 de feveriro, Lin marcou 25 pontos, fez 7 assistências e 5 rebotes, ajudando os New York Knicks a saírem vitoriosos do encontro. Esse jogo foi uma virada na sorte dos Knicks, que tinham até então perdido 15 dos 25 jogos da temporada, e começaram, nesse jogo, uma série de sete vitórias consecutivas. Lin marcou 136 pontos nos primeiros cinco jogos, nos quais jogou como titular, um novo recorde desde a união entre a ABA (Associação Americana de Basquetebol) e a NBA em 1976. O anterior recorde pertencia aos 129 pontos marcados por Shaquille O'neal. Seu incrível desempenho garantiu-lhe o prêmio de Melhor Jogador da Semana (entre o dia 6 e 12 de fevereiro) na Conferência Leste. Nessa semana, o fenômeno Linsanity marcou 27,3 pontos, distribuiu 8,3 assistências e pegou 4 rebotes por jogo, ajudando os Knicks a ganhar quatro jogos e a sofrer zero derrotas. Lin foi escolhido duas vezes como capa da Sports Illustrated, uma das mais conhecidas revistas esportivas do mundo, além de ter conseguido ser capa da revista Time. Nesse período, o seu valor no mercado cresceu para 14 milhões de dólares.

Quando interrogado acerca da forma como consegue manter a paz de espírito depois de se ter tornado num fenômeno de tamanha dimensão num prazo de tempo tão curto, Lin respondeu:

(Audio) "Eu só procuro garantir que faço um bom arremesso no final do jogo. Ser agressivo é o que eu tento fazer. Dou graças a Deus por tudo isto."

Mesmo não tendo sido escolhido no processo de seleção da NBA, Lin é o primeiro atleta de Havard a atuar na liga desde 1954. A sua carreira profissional não foi imune a dificuldades ou contratempos. Em dezembro de 2010, assinou pelo time Golden State Warriors, mas não conseguiu jogar numa posição de relevo. Depois de ter deixado esse time, Lin se transferiu para o Huston Rockets, onde apenas ficou 12 dias e foi dispensado. Neste processo, o jogador foi enviado por três vezes para a NBDL, a Liga de Desenvolvimento da NBA. Antes do Natal do ano passado, o New York Knicks negociou com Lin, com um contrato sem garantias. Nos Knicks, ele desempenhava o papel de "reserva permanente" do time, até finalmente conseguir brilhar e se ter tornado no jogador mais popular da cidade e de toda a liga de basquetebol. Antes de todo esse sucesso, Lin não possui uma casa em Nova Iorque e dormia no sofá do seu colega de time, Landry Fields.

Lin nunca desistiu de treinar, mesmo quando não dispunha de nenhuma fonte de renda. O jogador trabalhava seis horas por dia, sozinho no estádio. Finalmente, sua insistência em perseguir o sonho de jogar basquetebol conquistou o respeito de todos os setores desse desporto.