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Meu Elo com a CRI - Jayme Martins, especialista brasileiro que trabalhava no CRIpor durante 20 anos
  2015-04-16 18:52:52  cri

Antes de começar a trabalhar, fui surpreendido com um programa de visitas que durou uma semana, tendo conhecido em primeiro lugar o Jardim Botânico porque eu queria fazer entrega de sementes de plantas nativas do Brasil, como o ipê amarelo, mogno, jequitibá, jabuticaba, fruta do conde e de outras frutas, presenteadas pelo engenheiro agrônomo Júlio Seabra Inglez de Souza e que agora se reproduzem em várias regiões da China.

Visitei também alguns monumentos de valor histórico e cultural, como o Palácio Imperial, o Templo do Céu, o Palácio de Verão, o Palácio das Etnias Minoritárias, o ateliê Yungbaozhai, de reprodução de grandes pintores chineses, a Rua Liulichan (dos antiquários), a Rua do Boi com sua requintada mesquita islâmica, a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, o Museu de Artes Plásticas, o Restaurante do Pato Laqueado e uma importante Indústria Têxtil da Zona Leste da Capital.

Nesta empresa, ao passar pelo Quadro de Honra, onde apareciam fotos dos tecelões que mais se destacavam mensalmente na produção, fiquei sabendo que uma tecelã ocupava o primeiro lugar por três meses seguidos. Perguntei qual era o prêmio que ela recebia, me disseram que o prêmio era ter sua foto colocada naquele Quadro de Honra. Imediatamente, retirei de meu braço esquerdo o relógio de ouro que possuía e pedi que o presenteassem a essa tecelã por seu trabalho. Alguns dias depois, o diretor dessa indústria esteve na Rádio para me retribuir com um corte de seis metros de casimira que havia sido tecido por aquela operária. Com esse corte, quando passamos as primeiras férias no Brasil, mandei fazer um terno de casimira pelo melhor alfaiate de nossa cidade de Jundiaí.

Nosso trabalho na Rádio era bastante intenso, pois o programa diário em língua portuguesa tinha uma hora de duração e eram transmitidos para o Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, além dos territórios de Macau e Timor, ainda sob administração portuguesa.

Angelina e eu fazíamos a revisão das traduções feitas pelos redatores chineses, fazíamos também parte da locução e orientávamos alguns colegas chineses, que alcançaram excelente nível de locução em português, como o Shan, a Yana, a Wanzinha, a Yao.....

Cada programa era aberto com um noticiário de assuntos nacionais e internacionais, um comentário de atualidade, um intervalo musical e uma série de programas variados, conforme o dia da semana, como "Carta de Pequim", relatando e respondendo cartas de radiouvintes, que enviavam e recebiam fotos, cartões postais, selos, papéis recortados e outras lembranças. Havia também programas sobre a vida de diferentes setores sociais urbanos e rurais; sobre esportes, sobre artes e artesanato, sobre o mundo da produção e do consumo, bem como sobre o mundo do conhecimento.

Por outro lado, o Brasil também enfrentava seus anos de penúria e dificuldades durante duas décadas de ditadura militar, motivos pelos quais tivemos nossa permanência na China prolongada até completar 17 anos. Nesse período contamos por alguns anos, entre 1963 e 1969, com a colaboração de outro casal de brasileiros (a professora Rosália e o publicitário Guilherme Galliano).

Com o fim da ditadura militar, regressamos ao Brasil em 1979 juntamente com as duas filhas que tivemos, Raquel (ou Xing Hai), em 1964, quando em férias no Brasil, e Andrea (ou Xing Hoá), em 1966, novamente em Pequim.

Ao sairmos de Pequim em 1979, a direção da Rádio solicitou que indicássemos um jornalista brasileiro para nos substituir. Ao passar pelo México, conhecemos o jornalista brasileiro Juarez Coqueiro, que já havia trabalhado na Rádio NHK, de Tóquio e o apresentamos a o embaixador da China, que o encaminhou à Rádio Pequim, onde ele trabalhou por alguns anos.

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