No caso das traduções literárias de português para chinês, como são feitas diretamente da língua-fonte para a língua-alvo sem interferência de uma terceira língua, podemos ponderar sobre o uso das estratégias de estrangeirização e domesticação, que representam dois caminhos distintos a percorrer na transmissão do sentido do texto original.
Se tomarmos em conta as significativas diferenças entre o português e o chinês em termos lexicais e estruturais, descobrimos logo que o puro uso de uma estratégia só, a opção definitiva de "isto e não aquilo" não funciona nesta atividade literária de tradução português-chinês. Bem conscientes disso, os inteligentes tradutores optaram por seguir um caminho intermediário, uma combinação razoável da abordagem estrangeirizante com a assimiladora, tentando alcançar um equilíbrio entre a fidelidade ao texto original e a recepção do público alvo. Provas disso são as notas do tradutor que facilitaram a compreensão do leitor, as sinfonias estilísticas registradas na tradução com os autores que desenrolavam narrativas de maneira bem única e própria, tomando como exemplo as traduções das obras de José Saramago e Clarice Lispector, bem como as adaptações aceitáveis aos títulos originais na tradução, como no caso de O Filho Eterno adaptado para O Filipe Eterno e o de O Alquimista para Uma Viagem Fantástica do Jovem Pastor.