Convidado: Chen Duqing, nascido em 1947 em Jiangsu, foi enviado em 1964 pelo Ministério da Educação China, para cursar português em Macau. Após graduar-se, passou a trabalhar em 1972 no Ministério do Exterior da China. Ele era vice-cônsul geral da China em São Paulo(1990-1992), Cônsul Geral do Rio de Janeiro(1998-2000), embaixador da China em Moçambique(2000-2004), embaixador da China no Timor Leste(2004-2006) e embaixador da China no Brasil(2006 -2009).
CRI: Caros ouvintes, sejam muito bem-vindos ao programa da Rádio Internacional da China. Aqui fala Shi Liang, e é com muita honra que convidamos o embaixador chinês no Brasil, Chen Du Qing, que acabou de voltar do Brasil para esta entrevista especial aqui no nosso estúdio. Sr. Embaixador, por favor, faça um cumprimento aos nosso ouvintes.
Embaixador: Muito bem. O prazer é todo meu, de poder estar aqui, neste programa. Queria aproveitar esta ocasião para cumprimentar os ouvintes e também os internautas que possam navegar na internet e também assistir a esse programa.
CRI: Sr. Embaixador, este ano marca os 35 anos do estabelecimento das Relações diplomáticas entre a China e o Brasil. Você poderia fazer uma avaliação geral sobre o desenvolvimento das relações bilaterais?
Embaixador: Claro, isso seria um prazer enorme para mim. Eu fui integrante da primeira missão oficial, à convite do governo brasileiro, para reatamento [das relações], que foi no ano de 1974. este ano, dia 15 de agosto, vai completar 35 anos. Como testemunha e também um participante desse processo, realmente seria muito interessante poder fazer uma avaliação sobre este processo. Eu posso dizer que as relações bilatérias evoluíram tanto, que ultrapassam muito a expectativa de muita gente. Como o meu caso; eu não esperava as relações pudessem atingir este nível, como agora se apresenta. Basta citar um dado para dizer que o montante do comercial, no ano de 74, em que a China e o Brasil se reataram, o comércio bilateral apenas registrava apenas 17,4 milhões de dólares. Só no ano passado, conforme as estatísticas chinesas, chegou a quase 50 bilhões de dólares (mais de 48 bilhões de dólares). Então, quantas vezes aumentaram? Para dizer que o intercâmbio se verifica em todos os campos, eu diria que a China e o Brasil estão entrando na sua melhor fase de desenvolvimento bilateral desde o início das relações.
CRI: Então, no desenvolvimento das relações sino-brasileiras, o comércio bilateral ganhou destaque, especialmente nos últimos anos. Segundo as estatísticas brasileiras, a China já ultrapassou os Estados Unidos, tornando-se o maior parceiro comercial do Brasil. O senhor pode interpretar essa expansão comercial entre os dois países?
Embaixador: esse é até um dado novo para mim. Pelos meus cálculos, a China era o segundo maior parceiro comercial, e que a China tinha ultrapassado, há dois anos, a Alemanha. Porque o Brasil tem o maior parceiro, que é os Estados Unidos, depois é a Argentina, China e Alemanha. Eu acredito que esta mudança é devido à crise internacional financeira, que começou no fundo financeiro dos Estados Unidos, não acredito que seja um dado definitivo. Apenas momentâneo, ou seja, os Estados Unidos continua sendo o maior parceiro, tanto em investimento como em comércio, no Brasil. Essa crise que causou a queda deve se momentânea, mas eu acredito que a China deverá ser um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, devido ao tamanho e à potencialidade que os dois países dispõem.
CRI: Nos últimos anos, os dois países realizaram muitas visitas de alto nível. Na sua opinião, essas visitas impulsionam de que forma o desenvolvimento das relações bilaterais?
Embaixador: Esta é uma pergunta interessante. Muita gente achava que, com a internet, os meios de comunicação tão modernos, talvez possam substituir os conatos pessoais. Isso está errado, porque nada substitui o contato pessoal, sobretudo o de dirigentes de alto nível, que se conhecem, fazem amizade entre si – isso é até decisivo para as relações bilaterais, tanto entre a China e o Brasil, como a China e outros países. Por que, só com o entendimento, até com a amizade íntima, as coisas vão evoluir mais. Nos últimos anos, sobretudo a partir de 2004, o presidente Hu jintao e o presidente Lula trocaram visitas de Estado no mesmo ano. Nos últimos dois anos, o presidente Hu Jintao se reuniu com Lula, só no ano passado, três vezes: no Japão, na Cúpula do G8+5; em Washington; e também em Beijing, quando o Lula veio para participar da inauguração das Olimpíadas. Este ano, os dois já se encontraram uma vez, em Londres. E agora, na semana que vem, os dois vão se encontrar outra vez. Ainda antes da minha saída do Brasil, o vice-presidente da China, Xi Jin Ping, visitou o Brasil. Estas visitas são muito importantes para impulsionar o relacionamento para frente.