Conhecimento e Cultura aproximam Portugal e China: A China vista da Europa: séculos XVI-XIX
Fonte: CMG Published: 2023-12-11 09:00:05

A China integra o imaginário europeu desde tempos remotos, como espaço onde se projetam mitos, sonhos, expectativas e receios.

A Europa foi conhecendo melhor a China, sobretudo desde finais da Idade Média, por via das relações de alguns mercadores e missionários cristãos. Mas foi no início do século XVI, no quadro da expansão marítima portuguesa, que uma presença mais constante dos europeus no litoral da China permitiu um conhecimento, gradualmente, mais completo sobre o grande Reino da China.

A exposição - A China vista da Europa: séculos XVI-XIX, tem organização do Observatório da China e da Biblioteca Nacional de Portugal (com o apoio institucional da Embaixada da China, da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e da Câmara Municipal de Lisboa e de centros de investigação e universidades de Portugal, de Itália, da América e da China), e pretende contribuir para um melhor conhecimento da história e do desenvolvimento do conhecimento geográfico e cartográfico que permitiram a Portugal estabelecer as relações mais longas da Europa com a China. Pretende, igualmente, promover a reflexão e o diálogo sobre a importância dos laços culturais e civilizacionais, relevantes para o aprofundamento das relações, no presente e no futuro, entre Portugal/Europa e a China.

Esta exposição foi inaugurada a 29 de novembro na Biblioteca Nacional de Portugal e manter-se-á em exibição até 2 de março de 2024, em Lisboa.

Macau é um dos núcleos desta exposição porque foi, desde o século XVI, um palco estratégico da presença luso-asiática na China, como centro de saber e de comércio, transformando-se em porta de entrada dos europeus na China.

A exposição inclui mapas, obras literárias e objetos de arte que desempenharam um papel relevante para a construção da imagem da China, como uma civilização muito desenvolvida e sofisticada, e para sua difusão na Europa, entre os séculos XVI e XIX. Para além de documentação da Biblioteca Nacional de Portugal, a exposição inclui também documentação relevante de várias bibliotecas (da Ajuda, da Pública de Évora, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo e da Sociedade de Geografia de Lisboa) e de várias coleções privadas (da Fundação Jorge Álvares, e da de Jorge Welsh), de museus nacionais (como o Nacional de Arte Antiga, o de Macau do CCCM, o do Oriente da Fundação Oriente, o Museu de Marinha, o Museu Medeiros e Almeida) ou internacionais (Biblioteca Mediceia Laurenziana, Museo Galileo, em Florença, Istituto di Storia dell’Europa Mediterranea (ISEM), de Itália, a Lee Shau Kee Library, The Hong Kong University of Science and Technology e a James Ford Bell Library, University of Minnesota (EUA).

O núcleo cartográfico português e europeu da exposição revela o processo de construção da nova imagem da China, progressivamente mais completa, do litoral ao interior do império chinês.

Chinoiserie(s): a China no imaginário europeu é outro núcleo da exposição, que procura ilustrar o impacto da importação de produtos preciosos, decorativos e utilitários da China sobre o novo gosto de influência oriental no quotidiano europeu, através de múltiplas formas: hábitos sociais e de consumo, nomeadamente de chá, vestuário, decoração de interiores e design de jardins. Esta influência veio a revelar-se, igualmente, na mentalidade europeia do século XVIII, em especial nos iluministas, como um instrumento de crítica à sociedade europeia de então. A apologia ao modelo político e socioeconómico da China é utilizada pelos iluministas como instrumento de defesa da sua visão e de propostas racionalistas que pretendiam ver triunfar na sociedade europeia.

Os curadores da exposição são: Alexandra Curvelo, Departamento de História da Arte da NOVA-FCSH, Instituto de História da Arte (IHA), NOVA FCSH, Angelo Cattaneo (CNR – Consiglio Nazionale delle Ricerche, ISEM - Istituto di Storia dell'Europa Mediterranea); e Rui Lourido, Historiador, Presidente do Observatório da China.

Consultar o catálogo:  

https://issuu.com/uccla/docs/china_vista_da_europa_brochura_final

Por Rui Lourido, historiador, presidente do Observatório da China