Acadêmicos europeus e chineses estão criando uma ponte colaborativa no campo da medicina tradicional chinesa (MTC) ao realizarem sua reunião acadêmica anual, tradição que já dura uma década.

Em Leiden, cidade da província holandesa da Holanda do Sul, cerca de 50 acadêmicos da China e de países europeus, como Holanda, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, Áustria, Noruega, Bélgica e Polônia, participaram da reunião anual de 2023 de Boas Práticas da Associação de Pesquisa sobre Medicina Tradicional Chinesa (GP-TCM RA, na sigla em inglês), uma instituição internacional de pesquisa acadêmica sem fins lucrativos fundada em 2012.

Durante a reunião de três dias, que terminou na quarta-feira, eles compartilharam suas mais recentes descobertas de investigação e discutiram estratégias para promover a MTC em benefício das pessoas necessitadas em todo o mundo.

Dra. Wang Mei, presidente eleita da GP-TCM RA e co-presidente do comitê organizador do evento deste ano, destacou a importância da MTC na Europa.

A MTC, com sua abordagem holística e multifacetada para cura, é diferente dos métodos de tratamento de alvo e função únicas da medicina ocidental, disse ela à Xinhua, acrescentando que esta singularidade, enraizada na capacidade da MTC de se alinhar com as complexidades dos mecanismos fisiológicos do corpo humano, é uma grande vantagem.

Wang destacou a complementaridade entre a MTC e a medicina ocidental. Embora a medicina ocidental tenha introduzido a biologia de sistemas na década de 1990, ainda precisa de ferramentas abrangentes para tratar doenças com perspectiva holística. Assim, a colaboração entre a MTC e a medicina ocidental oferece novas oportunidades de desenvolvimento em ambos os sistemas médicos.

Outro benefício da MTC são os cuidados de saúde preventivos. Com métodos de diagnóstico como "inspeção, ausculta e olfato, investigação e palpação", os profissionais da MTC podem identificar potenciais problemas de saúde. A Europa, portanto, procura aproveitar as capacidades preventivas da MTC através da investigação científica, acrescentou Wang.

Em 2015, o cientista chinês Tu Youyou ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina pela descoberta da artemisinina. O trabalho de Tu mostrou que esse medicamento fitoterápico chinês contém compostos ativos com potencial terapêutico, aumentando ainda mais a reputação global da MTC.

A fitoterapia e a acupuntura chinesas, entre outras terapias da MTC, também provaram ser eficazes no combate à COVID-19, ganhando amplo reconhecimento em todo o mundo, disse Wang. Estas realizações continuam elevando o perfil da MTC na Europa e em todo o mundo.

O professor Robert Verpoorte, botânico da Universidade de Leiden e co-presidente da reunião deste ano, disse à Xinhua que tanto a MTC como a medicina ocidental têm características e pontos fortes exclusivos. A combinação dos dois pode gerar mais entendimento das doenças e de suas causas, oferecendo uma direção promissora para a prática médica.

Ele citou exemplos em que os métodos de observação da MTC poderiam melhorar significativamente o tratamento quando combinados com métodos de diagnóstico ocidentais.

Desde que foi criada em Leiden, em abril de 2012, a reunião anual da GP-TCM RA atraiu especialistas e acadêmicos de todo o mundo, servindo como plataformas para discutir os mais recentes desenvolvimentos e desafios no campo da MTC.

Quanto ao entendimento do corpo humano, as pessoas muitas vezes pensam que "só conhecemos o básico", mas o fato é que dificilmente conhecemos "os detalhes do básico", disse Verpoorte à Xinhua. "Esse é nosso nível de entendimento, muito pouco".

Portanto, no campo da medicina, a comunicação aberta e a cooperação internacional são essenciais, disse ele, acrescentando que o compartilhamento de conhecimento pode acelerar o progresso médico, que beneficia toda a humanidade.