O que está por trás da tragédia dos incêndios florestais no Havaí?
Fonte: CMG Published: 2023-08-17 21:27:21

“Andando entre as casas queimadas, parecia que o local tinha sido bombardeado.” 

“Lahaina é como se tivesse sofrido uma explosão nuclear, ontem havia cheiro pungente de fumaça e pessoas chorando por todos os cantos.”

"A gente perdeu tudo: casas, empregos, carros, pet e temos uma pessoa desaparecida."

Tais testemunhos de turistas e moradores de Maui, no Havaí, revelam a crueldade dos incêndios florestais que começaram em 8 de agosto no estado americano e já deixaram 111 pessoas mortas. Cerca de 2,2 mil estruturas do condado de Maui foram danificadas, causando prejuízos de US$ 6 bilhões. 

O jornal The Washington Post classificou a tragédia como a mais mortal em mais de um século na história moderna dos Estados Unidos.

Ao rever o processo dos incêndios, surgem muitas dúvidas.

O Havaí afirma ter o maior sistema de alerta precoce de segurança pública ao ar livre do mundo, contando com cerca de 400 sirenes de emergências para avisar eventuais ameaças, como desastres naturais. 

Maui, com 12 mil habitantes, tem 80 sirenes espalhadas por toda a ilha. No entanto, nenhuma delas soou durante o fogo. 

Autoridades locais reconheceram, em 11 de agosto, que o sistema de alarme em Maui não funcionou, mas disseram que emitiram avisos por meio de celulares, rádio e televisão. Porém, a maioria dos residentes declarou que não recebeu mensagens e só percebeu o perigo quando viram chamas e ouviram explosões.

O que causa mais revolta é o resgate tardio. Os bombeiros não apareceram na hora, e muitas pessoas se lançaram no mar em busca de socorro. Os moradores contaram que não havia água suficiente para combater o fogo, porque o sistema de abastecimento estava desligado. Segundo a imprensa local, somente 30 bombeiros participaram dos salvamentos no primeiro dia dos incêndios. 

Outro fato é que perto da ilha estão estacionados 40 mil soldados na base militar dos EUA em Oahu, mas só no terceiro dia os militares se mobilizaram para agir no resgate. 

Em 13 de agosto, o presidente dos Estado Unidos, Joe Biden, deu uma resposta "sem comentários" ao incidente dos incêndios na ilha. Quando perguntado se iria apresentar condolências, Biden não respondeu diretamente, o que provocou ampla insatisfação dos norte-americanos. 

Após o desastre acontecer na área de Lahaina, muitos aborígenes locais preferiram viver nas ruínas queimadas do que ir para os centros de socorro instalados pelo governo. Eles alegaram que Washington sempre considera os aborígines como "cidadãos de segunda classe" e estão preocupados com que autoridades aproveitem para expulsá-los da terra onde vivem há gerações. Essas populações não confiam no governo dos EUA.

Até esta quarta-feira(16), a Casa Branca anunciou que Biden viajará a Havaí no dai 21. Isso é 13 dias após o incêndio ter queimado.

Diante do desastre, será que o povo americano não confia no governo, ou o governo não merece a confiança? Um incêndio diz a verdade mais uma vez. 

Tradução: Isabel Shi

Revisão: Patrícia Comunello 

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