O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante a Cúpula do G7, que reeditar a Guerra Fria seria uma insensatez e defendeu que a crise na Ucrânia seja resolvida no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). Lula participou do encontro no Japão como convidado.
Nesse domingo (21), o site oficial do Palácio do Planalto, sede do governo brasileiro, divulgou a íntegra do discurso do presidente na sessão de trabalho do G7. Lula disse que dividir o mundo entre Leste e Oeste ou Norte e Sul é tão anacrônico quanto inócuo.
"É preciso romper com a lógica de alianças excludentes e de falsos conflitos entre civilizações. É inadiável reforçar a ideia de que a cooperação, que respeite as diferenças, é o caminho correto a seguir", propôs o líder brasileiro.
O presidente latino-americano destacou que "precisamos trabalhar para criar o espaço para negociações". Para o governante, nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo.
Lula enfatizou que os desafios à paz e à segurança que afligem o mundo atualmente vão muito além da Europa. O presidente do Brasil afirmou que os conflitos entre Palestina e Israel, na Síria e no Iêmen devem receber o mesmo grau de mobilização internacional.
No discurso, o dirigente brasileiro destacou que a multipolaridade que o país almeja é baseada na primazia do direito internacional e na promoção do multilateralismo. Se a emergência de uma ordem multipolar for bem recebida e cultivada, pode beneficiar todos, acredita a autoridade.
Nesta segunda-feira (22), Lula criticou, durante entrevista coletiva à imprensa, o fornecimento de armas dos Estados Unidos à Ucrânia, dizendo que o gesto não ajudaria a resolver a crise de forma pacífica. O presidente do Brasil reforçou que a questão ucraniana deve ser discutida no âmbito das Nações Unidas e não do G7.
Este ano, o grupo convidou alguns outros países, incluindo o Brasil e os líderes de algumas organizações internacionais, para participar do encontro em Hiroshima, a fim de fortalecer a cooperação entre os países do "Sul Global". Analistas acreditam que a declaração de Lula mostra que o Brasil tem posição diferente do G7 em relação à crise na Ucrânia.
Tradução: Wang Siqi
Revisão: Patrícia Comunello