Comentário: Ganhos e perdas da Europa e dos EUA no primeiro aniversário do conflito Rússia-Ucrânia
Fonte: CMG Published: 2023-02-24 20:54:48

No primeiro aniversário do conflito Rússia-Ucrânia, o jornalista veterano e ganhador do Prêmio Pulitzer, Seymour Hersh, revelou que o verdadeiro objetivo dos EUA ao explodir o gasoduto Nord Stream não era ajudar a Ucrânia, mas impedir que a Alemanha e a Europa reabrissem o gasoduto no final do inverno para garantir a continuidade do apoio europeu à OTAN.

Desde o início da crise ucraniana, a Europa sofreu muito, enquanto os Estados Unidos foram os maiores beneficiados, tirando proveito do episódio como um observador.

Por um lado, os EUA aumentaram consideravelmente as exportações de GNL para a Europa, com 100 milhões de dólares em lucros por navio de GNL com destino à Europa. O presidente francês, Emmanuel Macron, acusou publicamente os EUA de venderem GNL para a Europa por um preço quatro vezes maior, dizendo que tal conduta não representa o verdadeiro significado de amizade.

Por outro lado, o complexo militar-industrial dos EUA está aproveitando o conflito Rússia-Ucrânia para fazer uma enorme fortuna. Os principais fabricantes estadunidenses já estavam ponderando sobre como as tensões Rússia-Ucrânia aumentariam seus lucros mesmo antes da escalada do confronto.

Em janeiro do ano passado, o CEO da Raytheon Technologies, Greg Hayes, disse que a perspectiva de conflito na Europa Oriental e em outros hotpots globais beneficiaria os negócios da empresa, a qual viu oportunidades para vendas internacionais.

Em agosto de 2022, o euro despencou em relação ao dólar estadunidense, em decorrência de fatores como a força do dólar, a alta inflação na zona do euro, a propagação da crise energética europeia e os riscos crescentes nos países altamente endividados da Europa.

Politicamente e diplomaticamente, a política externa da Europa tornou-se vítima do jogo entre os EUA e a Rússia. A "autonomia estratégica" que a União Europeia (UE) sempre desejou tornou-se ainda mais inalcançável.

A aprovação da Lei de Redução da Inflação dos EUA com termos que distorcem o mercado e protecionistas acelerou ainda mais a tendência de "desindustrialização" na Europa e é um golpe duro para o continente. As autoridades da UE não podem deixar de questionar: "Os EUA ainda são nossos aliados?"