Investigar as origens do novo coronavírus? Estou a favor!
Fonte: CMG Published: 2023-01-20 15:44:39

Kevin McCarthy, com uma sequência de 15 rodadas de votação duras, foi finalmente eleito presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Na verdade, seu sobrenome pode até ser associar com uma memória desagradável, tendo em conta que houve um outro McCarthy sabido na história dos EUA. Este McCarthy mais novo não é tão diferente. Ele sempre age de forma extrema e preconceituosa no tocante aos assuntos da China. O único consenso que compartilhamos é que a Câmara dos Representantes deve investigar as origens do novo coronavírus.

Por quê? Porque o rastreamento das origens do vírus é um assunto puramente científico. A sua meta é entender como o vírus surge e transmite, bem como fornecer experiências e lições para uma melhor resposta a uma pandemia eventual.

Falando nisso, lembro-me de uma experiência minha. Vários anos atrás, quando estava nos EUA, fui para uma festa, onde não conhecia ninguém e ficava inevitavelmente sozinho. Encontrei um americano que estava na mesma situação como a minha, e nós começamos a conversar.

Ele se apresentou como funcionário nos Institutos Nacionais da Saúde (NIH, na sigla em inglês). Reparou que eu nunca tinha ouvido os institutos, acrescentou que trabalhava como pesquisador de vírus: “Você sabia? Os vírus mais fortes do mundo estão todos nos laboratórios! Imagina que combinemos a virulência do Vírus da Imunodeficiência Humana, também conhecido como VIH, com a transmissibilidade do vírus da gripe......”.

Por quê de repente me lembro dessa história de muito tempo atrás? É porque recentemente venho recebendo algumas notícias, verdadeiras ou falsas. Segundo elas, o ritonavir, um dos elementos que compõem o Paxlovid (remédio para tratar a COVID-19 fabricado pela Pfizer), é usado principalmente para tratamento do VIH, enquanto Donald Trump sempre chamava a COVID-19 de uma “grande gripe”.

Também há quem diga que os sintomas da COVID-19 coincidem com os da infeção aguda da SIDA; e que o novo coronavírus possui sequências genéticas do VIH. Naturalmente, alguns virologistas internacionalmente reconhecidos refutaram tais afirmações: “O coronavírus e o VIH são completamente diferentes. De ponto de vista virológico, é absolutamente impossível as sequências genéticas desses dois vírus aparecerem no mesmo vírus, a menos que haja modificações genéticas propositadas...”

Perante tantas informações confusas, não quero nem consigo provar a relação entre a COVID-19 e a SIDA, e não estou defendendo teorias conspiratórias de modo algum. O que quero dizer é que, a maioria das pessoas, como eu, têm o medo de ser destruídas mas incompetentes para fazer qualquer coisa diante dos vírus desconhecidos e dos virologistas e laboratórios incontroláveis.

Por isso, eu, particular que acabou de se recuperar da COVID-19, concordo com a proposta de Kevin McCarthy de os seres humanos precisarem rastrear as origens do vírus para encontrar respostas aos mistérios não resolvidos.

Na verdade, o governo da China há muito já expressou seu apoio ao rastreamento das origens do vírus com ações concretas. A China foi o primeiro país a implementar a resolução da Assembleia Mundial da Saúde. Já convidou duas vezes especialistas da Organização Mundial da Saúde a virem à China para desenvolverem pesquisas sobre as origens do vírus e tirou as conclusões mais confiáveis, profissionais e científicas. Foi confirmado pelo grupo de especialistas no final que era “extremamente improvável” que o coronavírus tenha origem de laboratório chinês.

A China, por assim dizer, fez tudo o que pude dentro do seu alcance. Como podem os EUA, que sempre se orgulham de sua liberdade e democracia, não responder de forma alguma ao pedido de mais de 20 milhões de internautas chineses para efetuar o rastreamento das origens do vírus nos EUA?

Um número crescente de sinais, reportagens e estudos sugerem que, antes do surto da pandemia em Wuhan, o novo coronavírus já tinha aparecido em vários locais no mundo no segundo semestre de 2019. Desde julho do ano, havia surtos da chamada “lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico” e “pulmão branco” em Wisconsin e outros estados nos EUA. Alguns casos compartilhavam os mesmos sintomas e imagens de raios X com os da COVID-19. Portanto, os EUA precisam investigar se essas pessoas foram as primeiras infectadas do novo coronavírus.

Os EUA possuem tantos laboratórios de armas biológicas em todo o mundo. Só para dar um exemplo, 30 laboratórios biológicos foram descortinados na Ucrânia na primavera de 2022. Os arquivos adquiridos pelos funcionários desses laboratórios revelam que, exatamente no dia da operação especial da Rússia, os laboratórios “destruíram precipitadamente” os patógenos de doenças mortais como peste bubônica, carbúnculo, tularemia e cólera, entre outros. Sendo assim, será que esses laboratórios dos EUA também produziram ou vazaram o novo coronavírus?

Todo o mundo sabe que os EUA têm não só forças e equipas mais poderosas para estudo da recombinação de vírus, como também o pior recorde da segurança de biolaboratórios. O professor virologista da Universidade da Carolina do Norte, Ralph Baric, conhecido como “caçador de coronavírus”, na sua publicação de Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS, na sigla em inglês) dos EUA, detalhou uma metodologia de desenhar, sintetizar e modificar um tipo de coronavírus semelhante ao SARS. Entrevistado pela RAI da Itália em setembro de 2020, Ralph Baric afirmou que ele conseguiu “transformar o vírus com intervenção humana sem deixar vestígios”.

Ralph Baric também mantém uma relação próxima com dois institutos de pesquisa do Fort Detrick dos EUA voltados para o estudo de vírus de alto risco e coronavírus, nomeadamente, o Instituto de Pesquisa Médica de Doenças Infecciosas do Exército dos EUA e a Facilidade de Pesquisa Integrada (IRF, na sigla em inglês). Já antes do surto da COVID-19, em outono de 2019, a esse primeiro ocorreu um acidente severo de segurança, que por conseguinte os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC na sigla em inglês) lhe suspenderam as atividades.

Com efeito, basta uma investigação na equipa do Ralph Baric e no seu laboratório para esclarecer se o estudo sobre o coronavírus produziu ou podia ter produzido o novo coronavírus. Porque é que os EUA não convidaram os especialistas da OMS para fazer investigação nos laboratórios biológicos da Universidade da Carolina do Norte e do Instituto de Pesquisa Médica de Doenças Infecciosas do Exército do Fort Detrick?

Desde o início, os EUA têm distraído para China a atenção de todo o mundo sobre o rastreamento das origens de vírus e especulado deliberadamente sobre o chamado “vazamento dos laboratórios de Wuhan”. Mesmo que a China tivesse colaborado com a investigação da OMS por duas vezes, os EUA não ficaram satisfeitos. Por um lado, negligenciaram as conclusões do relatório da investigação conjunta China-OMS, disseminaram com obstinação as mentiras como “O novo coronavírus é uma arma biológica intencionalmente desenvolvida pela China” ou pelo menos “O novo coronavírus é decorrente do vazamento de biolaboratórios chineses”, incitando a discriminação racial e os ataques violentos contra os descendentes chineses e asiáticos. Por outro lado, porém, fizeram ouvidos de mercador perante o questionamento razoável aos seus próprios e os apelos da comunidade internacional para admitir uma investigação e o rastreamento das origens do vírus.

Afinal de contas, o que é que os EUA estão tentando a esconder? Caso não haja irregularidades, porque não se desmente com uma postura franca e transparente como a China?

Seja como for, os EUA têm a responsabilidade e a obrigação de colaborar na investigação e rastreamento das origens do vírus, dando uma resposta nítida e convincente para os povos de todo o mundo. Se continuam não atendendo a demanda da comunidade internacional, se calhar nunca mais sabemos a resposta do rastreamento das origens do vírus.

O surto da COVID-19 é sem dúvida uma tragédia. Em última análise, ainda não se sabe se isso foi um desastre natural ou de responsabilidade humana. O que mais trágico do que a pandemia foi o fato de que a comunidade internacional, enfim, em vez de formar sinergias para responder a pandemia com união, sofreu da manipulação política e da politização da questão da saúde global.

Com certeza, os caminhos, apesar de serem tortos, vão levar-nos ao futuro brilhante. Passado um período de turbulência e transformação, o mundo voltará a ser melhor. Afinal, podemos contar com a China. No futuro, quando fizermos uma retrospectiva do que se passou durante a pandemia da COVID-19, a que conclusão chegaremos? Será que todos os países fizeram o máximo possível para conter a propagação do vírus? Será que as origens do vírus permanecem um enigma? A pandemia faz a humanidade mais unida, mais forte ou pelo contrário?     

Não faço ideia. Ó McCarthy, sabe?