O presidente de Ruanda, Paul Kagame, recebeu recentemente o Grupo de Mídia da China (CMG, na sigla em inglês) e concedeu uma entrevista exclusiva ao participar do programa especial “Falam líderes”.

Em 2000, Paul Kagame foi eleito presidente de Ruanda e levou o país à reconciliação nacional e ao crescimento econômico em média de 7% por ano. Mesmo sob a pandemia, o relatório do Banco Mundial mostra que Ruanda é uma das cinco economias que mais crescem no continente africano.

Kagame disse que seu conceito de governança é “tudo centrado no povo”. Além disso, todos os países devem escolher caminhos de desenvolvimento conforme suas próprias realidades. Segundo ele, não há um modelo universal que é adequado para todos. Por exemplo, Ruanda é um país sem litoral, territorialmente pequeno e montanhoso, por isso o custo de construção de estradas ou bairros residenciais é duas vezes maior do que o de outros países africanos. “Por isso, devemos considerar toda essa realidade para elaborar o nosso plano de desenvolvimento”, acrescentou o líder ruandense.

Kagame revelou que a Perspectiva 2020 de Ruanda,  elaborada em 2000, foi realizada cerca de 80% e com base nisso, o país lançou a Perspectiva 2050, segundo a qual Ruanda deverá ser um país de alta renda. Ele sublinhou que investimentos na educação, saúde e infraestrutura são de suma importância para o desenvolvimento. Aliás, seu país acredita que a cooperação internacional é indispensável.

Kagame afirmou que Ruanda defende sua independência e autonomia e se opõe à interferência externa em seus assuntos internos. Ele criticou também a mídia ocidental que gosta de produzir reportagens de conteúdos negativos sobre os países africanos. “De fato, o continente avançou muito em todos os setores”, disse.

Kagame lembrou do grande desastre em Ruanda em 1994 (genocídio), mas isso aconteceu há 28 anos, e seu país já mudou muito. No entanto, os veículos de imprensa mencionam sempre o genocídio quando falam sobre Ruanda e ignoram o desenvolvimento e a mudança do país.

Nos últimos 20 anos, Kagame visitou a China seis vezes. Ele agradeceu o governo chinês pelo grande apoio oferecido e acredita que a palavra-chave para as relações bilaterais é “cooperação”. 

“A China nos dá empréstimos, mas nunca nos disse o que devemos ou não podemos fazer”, enfatizou o presidente de Ruanda. Ele acredita que a China é um grande país em muitos aspectos. Segundo ele, não é fácil governar um país com 1,4 bilhão de pessoas, mas a China não só alcançou admiráveis êxitos de desenvolvimento, como também manteve a estabilidade social. 

Sobre o presidente chinês, Xi Jinping, Kagame disse que já se encontrou com o líder da China em várias ocasiões e gosta de trocar opiniões com ele sobre as cooperações bilaterais e os assuntos internacionais de interesses comuns.

Tradução: Luís Zhao

Revisão: Gabriela Nascimento