Visão: É hora de erguer os novos alicerces da paz perpétua
Paralelamente, e enquanto é demitido o comandante das Forças de Defesa Territorial, o anúncio de novas e maiores vitórias militares ucranianas, constitui agora o derradeiro argumento para prolongar a guerra.
Ao contrário, nunca foi tão urgente o cessar-fogo: para poupar vidas e sofrimento, porque um terço da capacidade produtiva ucraniana está destruída e os seus portos bloqueados, o ricochete dessas sanções já fez baixar a previsão de crescimento da UE de 4% para 2,7%, a inflação global sobe acima dos 9,2% e nos próprios EUA anuncia-se o risco crescente de recessão, alimentos e bens essenciais escasseiam nos países menos desenvolvidos.
As doutrinas intervencionistas e o seu suporte político-ideológico nos EUA
Aparentemente, já existe outro vencedor: Segundo as doutrinas de Mackinder e Spykman, que alargaram à Eurásia a ambição imperial da doutrina Monroe, de domínio do continente americano, o controle político e militar da Eurásia, assente numa aliança entre a Alemanha e a Rússia, representaria o domínio dos seus recursos demográficos e naturais capaz de disputar a hegemonia aos EUA.
Segundo Spykman, o imperativo estratégico americano deveria assentar numa política externa intervencionista, para que tal nunca viesse a suceder. E assim foi, desde há cem anos.
Kennan, Spykman e Brzezinski desenvolveram então a teoria dos pivôs geopolíticos. Controlar a Ucrânia, a Geórgia ou a Bielorrússia, permitiria isolar a Rússia e reduzi-la ao estatuto de país menor.
Neste quadro político, a União Europeia não pode enfrentar a crise ambiental e as suas crises pandémicas, a concorrência dos EUA ou da China, o terrorismo, garantir a sua segurança e a paz, se não a partir de um balanço crítico do Federalismo Monetário e Burocrático dominante e da abertura do debate sobre a alternativa do Federalismo Democrático e a segurança e defesa conjunta da Europa.
A Iniciativa de Segurança Global, para a Paz e o princípio da segurança indivisível
O presidente chinês, Xi Jinping, propôs à Conferência Anual do Fórum Boao para a Ásia, realizada em 21 de abril de 2022, a Iniciativa de Segurança Global para a Paz. O seu princípio fundamental e inovador é “o princípio da segurança indivisível”, que rejeita o caminho da construção da segurança própria à custa da segurança dos outros, conceito estratégico que levou à criação da Otan e do Pacto de Varsóvia, e à escalada da Guerra Fria.
Este princípio está em linha com os princípios da Carta da ONU e as preocupações legítimas de segurança de todos os países, está comprometido com o respeito pela soberania e a integridade territorial de todos os países, defende a não ingerência nos seus assuntos internos e respeita os diferentes regimes políticos e sociais escolhidos pela história dos seus povos.