Visão: É hora de erguer os novos alicerces da paz perpétua
Por António dos Santos Queirós, investigador da Universidade de Lisboa
Como ficará o mundo depois da guerra da Ucrânia e da sua escalada? Os decisores políticos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia agem como se a solução política da guerra nada tivesse a ver com as suas causas complexas e a escalada militarista e de sanções constituísse um fim em si mesma. Devíamos e deveriam eles ouvir mais os militares, que estudam as ciências da guerra, para conquistar a paz justa e duradoura. Se assim não for, a guerra voltará mais violenta! Já o escreveu antes o filósofo Emmanuel Kant, invocando a razão da sua Paz Perpétua!
E antes dele, Sun Tzu: “A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar.”
Hoje, responde-lhes (o Major) Mário Tomé, “capitão” da Revolução dos Cravos, que à guerra colonial foi: “Se queres a paz, prepara a paz”!
O pedido de adesão da Finlândia e da Suécia à Otan
A Otan não é uma organização democrática. Nem sequer constitui uma instituição de cooperação entre pares. O governo dos EUA decide da guerra e da paz.
A sua história, mesmo depois da queda da URSS, é feita de guerras, travadas em nome da democracia, da segurança ou da paz, a partir de falsas informações e encenações políticas, com trágicas consequências para os países agredidos e ocupados, mas também para o mundo: o terrorismo globalizou-se, atingiu a Europa e expandiu-se na África. Mais de um milhão de mortos enlutaram esses países, 30 milhões de refugiados (50 milhões de deslocados) abandonaram o Afeganistão, o Iraque, a Síria e a Líbia, procurando asilo nos países vizinhos, algumas centenas de milhares marcharam para as fronteiras da União Europeia… A Otan levou a guerra à Jugoslávia, que foi bombardeada e desmembrada. E à Geórgia, dividida e separada pela guerra civil. O governo de Trump apoiou abertamente o Brexit, que retirou da UE o maior exército europeu, e a ascensão de partidos autoritários dentro do espaço comunitário.
Os governos da Finlândia e da Suécia, afirmam que a Otan lhes assegura a segurança e protege a Europa, contra a ameaça russa, e confiam no poderio militar dos EUA e nas suas armas nucleares estacionadas na Alemanha e na Itália, como dissuasoras.