Wang Xisan nasceu em Beijing. Quando criança, morava nas imediações do Templo do Céu, zona famosa pelo comércio de artesanato. Uma coisa atraiu sua atenção desde sempre: pinturas em miniatura dentro de frascos, uma arte popular no país desde o século 18. A arte teve sua origem nas pinturas feitas dentro dos frascos de rapé. A coleção de frascos de rapé feitos de vidro, cristal e âmbar era moda e símbolo de status social.
Mas o menino Wang Xisan não sabia de nada disso, ele ficava fascinado com os desenhos mostrando figuras humanas, animais, montanhas e rios. Perguntava-se como seria possível fazer pinturas por dentro do frasco, cuja boca tinha o diâmetro igual ao de um palito?
Quando Wang tinha 20 anos, o Instituto de Pesquisa de Arte e Tecnologia de Beijing abriu vagas para três aprendizes de pintura em miniatura. Wang Xisan destacou-se entre mais de 300 candidatos.
"O Instituto admitiu aprendizes visando a continuidade e preservação da arte. Fui admitido através de exames. Prestei os exames em 1957. A cerimônia de reconhecimento do mestre foi realizada em fevereiro de 1958. Naquele tempo, trabalhava no Instituto um grupo de grandes mestres de diversas artes tradicionais."
Após a cerimônia, Wang Xisan começou a aprender a arte de pinturas em miniatura dentro de frascos com os mestres Ye Xiaofeng e Ye Fengqi. A criação dessas pinturas é um processo complexo. Primeiro, é preciso polir o frasco, inserir o pincel e fazer os desenhos. Para Wang Xisan, esse nunca foi um trabalho monótono, pelo contrário, era algo que lhe trazia felicidade. Dominada a técnica, introduziu imagens de gatos para nos frascos de rapé e desenvolveu um estilo próprio. Seus gatos são vívidos, felpudos e parecem poder saltar dos desenhos.
Durante a Revolução Cultural, período caótico nos anos 60, Wang, com os estudos suspensos, foi a uma pequena aldeia no distrito de Hengshui, na província de Hebei, terra natal da família. Crescido em Beijing, ficou espantado com a pobreza local.
Wang Xisan queria mudar a situação, pensou logo nos três frascos de rapé que trouxe de Beijing, desenhou neles uma paisagem de rio e montanha, um urso preto e uma pomba branca, e mandou os camponeses vendê-los. Os produtos foram comprados por dezenas de yuans numa base industrial voltada à exportação.
"Naquele tempo, dezenas de yuans não eram um número pequeno. Os aldeãos dividiram a quantia e choraram dizendo palavras de agradecimento. Eu sentia uma grande honra por contribuir para a sociedade com meus conhecimentos e técnicas."