Conhecido por suas histórias intimistas como "O Clube da Felicidade e da Sorte" (1993) e, especialmente, por sua parceria com o renomado escritor Paul Auster nos filmes "Cortina de Fumaça" e "Sem Fôlego", ambos de 1995, o diretor Wayne Wang é o maior representante cinematográfico da identidade sino-americana.
Wang é, aliás, um típico produto desta mistura. Nascido em Hong Kong em 1949, ele estudou cinema na Califórnia, onde mora há décadas. Ninguém mais habilitado do que ele, portanto, para revelar as múltiplas facetas desta China dentro dos EUA que é mostrada em dois filmes distintos e complementares na programação da 32ª Mostra, "Mil Anos de Orações" e "A Princesa de Nebraska". Os dois baseiam-se em obras da escritora Yiyun Li.
Centrado na figura da jovem chinesa Sasha (Ling Li), "A Princesa de Nebraska" investiga a inquietação juvenil numa era em que a tecnologia comanda o cotidiano e o ritmo dos relacionamentos. De seu celular, ela envia torpedos a Yang, o ex-namorado que deixou na China e a engravidou. A moça filma a si mesma, incessantemente, com a câmera deste aparelho, que a coloca sempre em close, em primeiro plano.