Nem sempre a chegada das estradas a vilarejos remotos significa a destruição do ambiente natural. E é isso que se vê em Guajiayu, uma vila formada por 146 famílias e 460 habitantes. Quando o asfalto chegou a Guajiayu, em uma viagem de duas horas da capital chinesa e alguns anos de projetos governamentais, a vila passou de um local inóspito nas montanhas ao noroeste de Beijing ao reduto de um novo sistema socialista, baseado no cultivo e aproveitamento racional da natureza.
A construção das estradas facilitou o escoamento da produção agrícola do povoado, o que elevou a renda familiar de 300 yuans (R$ 100) ao ano na década de 1980 para 20 mil yuans (R$ 3,3 mil), em 2007. "Isso foi possível através de um projeto de desenvolvimento que deu ênfase ao bem-estar social e à proteção ambiental", explica o líder da região, Zhang Chao Qi.
Yugong Yishan
Zhang chama o projeto que envolveu o nascimento de uma nova Guajiayu como "yugongyishan"; a lenda chinesa de um homem que tentou mover uma montanha usando uma única pá. "Significa o esforço para melhorar as condições e enriquecer."
Quando da decisão de fazer da vila um novo "interior socialista", formulou-se três grandes projetos de desenvolvimento: construir novas casas para os moradores das montanhas que servissem de hotéis; fornecer tecnologia ao povoado de forma sustentável; e abrir estradas que levassem os moradores das montanhas ao vale e os produtos do vale para o resto do país.
Em 2005, os planos foram colocados em ação. Toda a energia utilizada nos 5,5 km2 do vilarejo é proveniente de painéis solares; a água e o esgoto são tratados por um processo de nova tecnologia que é ecologicamente correta; e cada família do vilarejo recebeu uma casa nova, de dois pisos, e se tornaram chefes do turismo local – o primeiro andar da moradia é reservado às famílias, e o segundo é equipado como alojamento para os visitantes. Assim, quem quiser visitar Guajiayu e ver como o sistema de energia solar aquece a casa toda no inverno e mantém os ventiladores ligados no verão, pode morar com uma das famílias, pagando 100 yuans (R$ 33) a diária, que inclui um quarto com duas camas e as três refeições.