A 5ª Cúpula do BRICS está sendo realizada em Durban, na África do Sul, onde os líderes dos cinco países membros discutirão a criação de um banco de desenvolvimento e uma reserva de divisa no marco do bloco. Segundo analistas, no atual contexto econômico global, os países do BRICS estão focando em cooperação econômica mais prática a fim de melhorar seu desenvolvimento e a capacidade de resistir a uma possível crise monetária.
Já um mês antes da cúpula, Ma Zhaoxu, ministro adjunto do Ministério das Relações Exteriores da China, disse que os países do grupo estavam discutindo sobre os detalhes do banco, incluindo tamanho, função, composição, local, etc., e a China esperava que o tema teria novo desenvolvimento depois da reunião em Durban. Quanto à reserva, Ma disse que os países estavam estudando os detalhes de sua criação e a China esperava uma posição positiva dos líderes na atual cúpula.
O banco de desenvolvimento do BRICS foi mencionado oficialmente em Deli na Índia há um ano. "Se o banco for estabelecido, o mundo terá mais um canal de financiamento de longo prazo com objetivo de desenvolvimento, que é aberto aos países em desenvolvimento", disse Tu Yonghong, vice-diretora do Instituto Monetário Internacional da Universidade Renmin da China, acrescentando que o banco vai quebrar o "monopólo" nas instituições financeiras internacionais pelos países ocidentais, realmente aumentar a importância dos países emergentes, além de contribuir para a estabilidade financeira do mundo.
"O banco deve ser estabelecido, o que ajudará o financiamento ao desenvolvimento das economias emergentes, por exemplo o investimento em infraestrutura. E a construção de infraestrutura poderá ser um ponto de partida da recuperação da economia global", disse Yao Zhizhong, diretor executivo da Base de Pesquisa sobre BRICS do Instituto de Economia e Política do Mundo da Academia Chinesa de Ciências Sociais. Yao explicou ainda que, caso seja aprovado, o banco será o primeiro organismo fixo do bloco BRICS, o que é bom para o planejamento do futuro desenvolvimento do grupo.
De acordo com Yao, se o banco serve para o financiamento, então a reserva de divisa é para melhor resistência a possíveis crises monetárias.
Em uma entrevista paralelamente à reunião do G20 em fevereiro em Moscou, o vice-ministro das Finanças da China, Zhu Guangyao, manifestou que os países do BRICS estão dando grande atenção às mudanças na situação financeira internacional, pedindo aos países mais desenvolvidos do mundo que monitorem os efeitos adjacentes de suas políticas monetárias, ou seja, os efeitos na economia global e especialmente nas nações em desenvolvimento da implementação de políticas monetárias excessivamente frouxas pelos maiores países desenvolvidos do mundo.
Na opinião de Tu Yonghong, a possível criação de reserva de divisa do bloco irá promover a diversificação monetária no mundo, aliviar os efeitos adjacentes das políticas monetárias excessivamente frouxas dos países cujas moedas são de reserva, como o dólar dos EUA, o yen do Japão e o euro da União Europeia, influenciar a valorização do dólar norte-americano e a fixação dos preços de commodities no mercado internacional, e promover o rápido crescimento dos mercados cambial e de produtos derivativos com respeito às moedas do BRICS .
No entanto, Yao apontou que o banco e o fundo de reserva no marco do BRICS poderão complementar o atual sistema monetário e financeiro internacional, promovendo a recuperação da economia mundial, mas não pode mudá-lo de forma fundamental.
Segundo Tu, os cinco países do BRICS são potências econômicas em termos de tamanho, mas não em qualidade, pois as altas tecnologias e serviços de ponta estão nos países desenvolvidos e o BRICS ainda depende basicamente das tecnologias e dos mercados de produtos acabados nos EUA e na Europa.
E devido aos desafios parecidos enfrentados no processo de desenvolvimento, a área econômica tem sido um dos focos do bloco BRICS desde seu nascimento. De acordo com Tu, obteve uma série de resultados, incluindo o aumento de cotas no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial, a realização de reunião entre ministros das Finanças e outras de altos níveis, a assinatura do Acordo-Quadro para Extensão de Facilitação de Crédito em Moeda Local no âmbito do Mecanismo Interbancário de Cooperação do BRICS e do Acordo para Facilitação de Confirmação de Cartas Multilaterais de Crédito, etc.. "O bloco já tornou-se uma importante força no ajuste do panorama político-econômico mundial depois da crise financeira", disse.
Após a crise nos Estados Unidos, o então existente mecanismo internacional não era capaz de resolver todos os problemas e o bloco BRICS ofereceu uma nova plataforma internacional para a administração e coordenação global nos aspectos incluindo reformas do FMI e do Banco Mundial, disse Yao Zhizhong, acrescentando que "a cooperação econômica no bloco traz benefícios não apenas aos países membros, mas também para a economia mundial". Fim
por Xinhua