Como presidente do país anfitrião da reunião da APEC, Dina Boluarte disse esperar aumentar a confiança sobre a globalização através de plataformas multilaterais.
Ela espera melhorar a atual situação do país e absorver a sabedoria do desenvolvimento chinês. Confira a entrevista exclusiva do Grupo de Mídia da China (CMG, na sigla em inglês) com a presidente da República do Peru, Dina Ercilia Boluarte Zegarra.
Repórter: Em primeiro lugar, vamos falar sobre a 31ª reunião da APEC. Sabemos que o tema da reunião deste ano é “Empoderamento, Inclusão e Crescimento”. Como você entende a importância dessas abordagens para a região Ásia-Pacífico?
Boluarte: Em primeiro lugar, em 2024, o Peru tem a honra de sediar pela terceira vez a Reunião Informal dos Líderes da APEC. Isto significa que as 21 economias da APEC têm confiança no Peru, e o PIB total destas economias representa uma grande proporção do mundo. Estamos muito orgulhosos. A APEC inclui muitas economias importantes do mundo e também atrai a participação dos empresários que promovem o desenvolvimento econômico regional, dando ímpeto à economia, infraestrutura, turismo, proteção ambiental, transformação de energias verde e economias emergentes.
Esperamos encorajar e apoiar o crescimento dos grupos desfavorecidos, garantir que eles também sejam incluídos nos planos de desenvolvimento das 21 economias, criando para eles novos empregos de qualidade e lhes proporcionando a melhor segurança médica. Tudo isso está incluído na reunião da APEC de 2024 e nas preocupações das 21 economias. Portanto, o tema desta edição é “Empoderamento, Inclusão, Crescimento”.
Repórter: O Peru também definiu várias áreas prioritárias de cooperação para esta reunião, incluindo comércio mais livre e aberto, transformação digital, desenvolvimento sustentável, etc. Porque é que o Peru optou por reforçar a coordenação e a cooperação na região Ásia-Pacífico nestas áreas?
Boluarte: A experiência e os caminhos de desenvolvimento de muitas economias nos dizem que os países de todo o mundo não são ilhas isoladas, não sendo possível depender da autossuficiência como Robinson Crusoé numa ilha deserta. Tomo posse como presidente do Peru num momento difícil, e o desafio cai sobre mim, uma mulher andina. Vi de perto a pobreza das pessoas, a fome, o frio e a falta de mantimentos. Portanto, estabeleci o desafio a mim própria, que é atrair mais investimentos e ganhar mais confiança. Como disse durante a minha visita à China, precisamos de utilizar estes recursos para reforçar a coesão nacional do Peru e construir infraestrutura. Estamos nos esforçando para ganhar mais confiança para permitir que o Peru desempenhe um papel ativo no cenário mundial e estamos alcançando esse objetivo.
Repórter: A China aderiu oficialmente à APEC em 1991. Nos últimos 30 anos, o papel, a função e a contribuição do país asiático tiveram grandes mudanças. Como você avalia o papel da China na promoção da cooperação Ásia-Pacífico e no crescimento global dentro deste mecanismo?
Boluarte: Penso que a China desempenha um papel fundamental nas trocas econômicas entre as 21 economias da APEC. Não há dúvidas de que a China desempenha um papel de liderança na APEC. Por exemplo, o Porto de Chancay é um exemplo do papel positivo da China na Ásia- Pacífico. É por isso que temos trabalhado estreitamente com a China e que a China é o nosso maior parceiro comercial. Continuaremos a reforçar estes laços econômicos e comerciais bilaterais, aprender com a China e seguir o exemplo da China. A China nos ensinou como se livrar da pobreza extrema e nos tornarmos um país forte. Aprendemos com isso que nada é impossível. Pode não ser fácil no início e a mudança é difícil, mas devemos permanecer resilientes face às mudanças. Este é o Peru, somos um país resiliente. Sempre podemos superar as dificuldades, continuar a crescer e progredir. A China deu o exemplo e devemos continuar a aprender com este exemplo. Os nossos intercâmbios com a China já duram mais de 50 anos. Há 50 anos, a cidade chinesa de Shenzhen era apenas uma vila pequena, e agora, ela se tornou uma metrópole internacional com tecnologia avançada, o que me surpreendeu bastante. Vimos que a China, sob a liderança dos líderes chineses, não se concentra apenas nos trabalhos de um ou dois anos, mas elabora planos de cinco, dez e quinze anos e estabelece metas a serem alcançadas até 2050. É isso a enorme diferença entre nós. Queremos fazer a mesma coisa no Peru. Não podemos pensar apenas nas coisas imediatas, mas devemos planear o desenvolvimento futuro do Peru, para que o país não sinta mais que será um fornecedor de matérias-primas para sempre, que não sinta mais que será sempre pobre, e que não sinta mais que é impossível se tornar um país desenvolvido.
Durante o encontro com a presidente peruana no dia 14 de novembro, o presidente chinês, Xi Jinping, disse que a China e o Peru devem resumir experiências, melhorar a cooperação pragmática bilateral e elevar a parceria estratégica abrangente China-Peru para um novo patamar.
Repórter: Durante a visita ao Peru, o presidente Xi Jinping e a Sra. presidente participaram da cerimônia de abertura do Porto de Chancay via videoconferência. Que significado positivo e mudanças você espera que o porto traga ao Peru e áreas vizinhas após a entrada da operação?
Boluarte: Para o Peru, o Porto de Chancay traz enormes oportunidades econômicas e tecnológicas. Ele não é um porto comum, mas um porto que aplica alta tecnologia. Primeiro, quase tudo será digitalizado. Estive na China, em Shenzhen, que é uma cidade totalmente digitalizada. Queremos aprender essas tecnologias, queremos aprofundar ainda mais as nossas relações bilaterais com a China e aplicar estas tecnologias não só em Chancay, mas em todo o Peru. Falando no Porto de Chancay, este é um porto muito importante que reduz o tempo e o custo entre a América Latina e a Ásia. Temos o Porto de Chancay, o Porto de Callao, o Aeroporto Internacional Jorge Chávez em Lima e o Parque Industrial Ancón. Esses quatro pilares estratégicos beneficiarão o Peru e a América Latina. Esperamos que toda a região, incluindo Brasil, Colômbia, Equador, Argentina, Chile, etc., possam se beneficiar do Porto de Chancay. Espero que um dia, no futuro, o Peru também possa exportar tecnologia e se tornar um país de classe mundial.