O presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, se reuniram no dia 20 (horário local), com a imprensa no Palácio da Alvorada após a reunião bilateral.
Xi Jinping disse: “Trata-se de mais uma visita cinco anos depois da última realizada nesta ‘terra cheia de amor e esperança’. Na véspera de minha partida, recebi cartas de amigos de diversos setores do Brasil, repletas do apreço do povo brasileiro pela amizade China-Brasil e de suas expectativas de aprofundar a amizade entre os dois países, o que me emocionou muito. Há pouco, tive uma conversa cordial, amigável e frutífera com o presidente Lula. Ao fazer uma retrospectiva dos 50 anos de desenvolvimento das relações China-Brasil, ambos concordamos que o relacionamento está no melhor período da história, demonstrando cada vez mais sua influência global, estratégica e de longo prazo, e tornando-se um modelo de progresso conjunto, solidariedade e cooperação entre grandes países em desenvolvimento.”
“Chegamos a um novo consenso estratégico sobre o desenvolvimento futuro das relações China-Brasil. O mais importante é a decisão conjunta de elevar as relações bilaterais para uma comunidade de futuro compartilhado China-Brasil por um mundo mais justo e um planeta mais sustentável, e de estabelecer a sinergia da Iniciativa Cinturão e Rota com a estratégia de desenvolvimento do Brasil. No contexto da evolução acelerada da conjuntura mundial, isso reflete a determinação da China e do Brasil, dois grandes países em desenvolvimento, de se reconhecer, se adaptar e buscar mudanças, e certamente promoverão as relações bilaterais e inaugurarão os próximos ‘50 anos dourados’, e ao mesmo tempo, darão um exemplo para os países do Sul Global se unirem e se fortalecerem, além de fazerem novas contribuições para aumentar a representação e a voz dos países em desenvolvimento na governança global.”
“Concordamos que devemos continuar a aprofundar a confiança mútua estratégica, nos apoiar firmemente em questões essenciais relacionadas à soberania, segurança e interesses de desenvolvimento, além de promover o próprio desenvolvimento de alta qualidade. Como os dois grandes países em desenvolvimento dos hemisférios oriental e ocidental, também devemos tomar a iniciativa de assumir a responsabilidade histórica de liderar e salvaguardar os interesses comuns dos países do Sul Global e conduzir o desenvolvimento da ordem internacional em uma direção mais justa e equitativa.”
“Concordamos unanimemente que é necessário fazer um bom trabalho na sinergia das estratégias de desenvolvimento dos dois países. Aprofundaremos a cooperação em áreas-chave, como economia e comércio, finanças, ciência e tecnologia, construção de infraestruturas e proteção ambiental, e fortaleceremos a cooperação em áreas emergentes, como transição energética, economia digital, inteligência artificial e minerais verdes.”
“Concordamos que a China e o Brasil devem continuar colaborando estreitamente através de mecanismos multilaterais, como as Nações Unidas, o G20 e os BRICS, para enfrentar conjuntamente os desafios de segurança em áreas tradicionais e não tradicionais, como fome e pobreza, conflitos regionais, mudança climática e segurança cibernética, e fazer novas contribuições chinesas e brasileiras para a causa da paz e do desenvolvimento mundiais. O próximo ano marcará o 10º aniversário do Fórum China-CELAC, e a China está pronta para trabalhar com o Brasil e outros países latino-americanos para impulsionar a cooperação China-CELAC a um novo patamar.”
“A China e o Brasil emitiram conjuntamente um consenso de seis pontos sobre uma solução política para a crise na Ucrânia e vão lançar o grupo ‘Amigos da Paz’ sobre tal conflito, juntamente com países do Sul Global. Precisamos reunir mais vozes comprometidas com a paz para abrir o caminho na busca de uma solução política para a crise na Ucrânia. Estamos profundamente preocupados com a contínua expansão do conflito em Gaza e pedimos um cessar-fogo e o fim das hostilidades o mais rápido possível, a implementação da solução de dois Estados e esforços incessantes para uma solução abrangente, justa e duradoura para a questão palestina.”
Por sua vez, Lula disse que, embora o Brasil e a China estejam distantes, eles compartilham valores semelhantes, amplos interesses comuns, amizade profunda e sólida, e a cooperação Brasil-China tem significado estratégico e influência global. A China é o parceiro comercial e de investimento mais importante do Brasil, e as empresas chinesas no Brasil têm contribuído fortemente para o desenvolvimento econômico e social brasileiro. Decidimos elevar nossas relações bilaterais a uma comunidade Brasil-China de futuro compartilhado para a construção de um mundo mais justo e mais sustentável, e decidimos estabelecer a sinergia da estratégia de desenvolvimento do Brasil com a Iniciativa Cinturão e Rota da China, com foco na expansão e aprofundamento da cooperação em áreas como desenvolvimento sustentável, infraestrutura, finanças, transição energética e aeroespacial, de modo a elevar as relações bilaterais a um novo patamar. O Brasil e a China têm um alto grau de convergência em questões importantes, como desenvolvimento internacional e segurança. “Gostaria de agradecer à China por seu forte apoio à presidência brasileira do G20 e por assumir a liderança na adesão à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Fortaleceremos ainda mais a comunicação e a colaboração dentro de mecanismos multilaterais como as Nações Unidas, o G20 e o BRICS, defenderemos conjuntamente a reforma do sistema de governança global, construiremos um sistema internacional mais justo, democrático, equitativo e sustentável e promoveremos a resolução pacífica de questões críticas. A visita do presidente Xi Jinping abriu um novo capítulo na história das relações Brasil-China.”
Tradução: Li Jing