Guerra Mundial Pode Acontecer?
Fonte: Xi Pu Published: 2024-10-15 14:55:56

A crise na Ucrânia vem se arrastando sem grandes avanços. É difícil enxergar a retomada da paz no Oriente Médio. Alguns políticos dos Estados Unidos e do Ocidente começam a apregoar uma terceira Guerra Mundial. Então, isso pode acontecer?

Às vésperas das duas Guerras Mundiais, os principais países capitalistas tiveram uma motivação mais forte de conquistar “espaço vital” no exterior devido à intensificação das contradições de classes no próprio país. Se intensificaram a luta pela hegemonia e a confrontação entre as alianças, quando as principais potências formaram alianças e se engajaram em confronto entre blocos. O ressurgimento do ultranacionalismo, a influência do populismo e a instigação de figuras políticas extremistas tornaram a opinião pública mais conflituosa e violenta. O confronto de bloco entre países imperialistas causou a perda de espaço para o trabalho diplomático e o fracasso de canais e mecanismos de manutenção da paz.

Atualmente, ao entrar em um novo período de turbulência e transformação, o mundo enfrenta a situação semelhante à véspera das duas Guerras Mundiais. O mundo capitalista desenvolvido sofre o crescimento econômico desacelerado e as contradições internas intensificadas, e gera transbordamentos negativos para o exterior. Os países hegemônicos, obcecados em continuar com a hegemonia, instigam a competição entre grandes potências e impactam a configuração internacional. O prolongamento da crise na Ucrânia e o conflito palestino-israelense aumenta o risco de confronto entre blocos. O agravamento do populismo, do protecionismo, da antiglobalização e do tecno-nacionalismo possibilitará o mundo dividido em “sistemas paralelos”. O pensamento da extrema direita dos Estados Unidos e do Ocidente corrói o poder político, e acrescenta o risco e a instabilidade estratégicos. A falta da confiança mútua e da coordenação entre grandes potências prejudica a eficácia do sistema internacional.

Os Estados Unidos são fonte de riscos de uma guerra mundial. Disturbam a cooperação mundial mutuamente benéfica por meio da antiglobalização. Abusam da hegemonia financeira, praticam o desacoplamento e corte de cadeia de suprimentos. Politizam e impõem implicações de segurança em assuntos econômicos. Tentam utilizar próprios valores e sistema político para moldar outros países e a ordem mundial. Dividem o mundo em “blocos democráticos e não democráticos” e advogam o unilateralismo. Os Estados Unidos alimentam fogo e empurram outros países no atoleiro de guerras, para que o complexo militar-industrial possa tirar lucros. Para suprir e esganar a China, o país norte-americano reúne seus aliados para praticar a “dissuasão integrada” na vizinhança da China, promove a Ásia-Pacificização da OTAN, especula sobre a narrativa falsa de “Ucrânia hoje, Taiwan amanhã”, e manifesta-se a disposição de ajudar na defesa de Taiwan até não hesitar em iniciar uma guerra.

Uma terceira Guerra Mundial não é necessariamente inevitável. O crescimento da força do desenvolvimento pacífico, bem como o fortalecimento do senso de comunidade devido à multipolarização global e à globalização econômica, são fatores que restringem o desencadeamento de uma guerra mundial. O pensamento antibélico, junto com o apoio ao controle de armas, já reúnem voz forte no mundo. A eficácia dos mecanismos internacionais de paz é reforçada, e as Nações Unidas desempenham seu papel na salvaguarda da segurança internacional e na promoção da redução de armas. Os Estados Unidos têm receio do custo de guerra nuclear. Devido à dissuasão nuclear estratégica, os Estados Unidos preferem lançar “guerras por procuração” e provocar conflitos regionais.

É mais importante constar que o desenvolvimento da China é o crescimento da força da paz no mundo. A China considera o desenvolvimento pacífico como escolha estratégica, e abriu um novo caminho de ascensão, diferente do que das grandes potências tradicionais. Os Cinco Princípios de Coexistência Pacífica, consagrados na Constituição da China, servem de alicerce da política diplomática independente de paz da China. Nos últimos anos, a China tem promovido o lançamento de uma declaração conjunta dos cinco Estados com armas nucleares sobre a prevenção da guerra nuclear, facilitado a solução da crise na Ucrânia, e contribuído para a reconciliação e o restabelecimento das relações diplomáticas entre a Arábia Saudita e o Irã, contribuindo para a paz e a estabilidade do mundo. Segundo acadêmicos indianos, a “neutralidade” da posição chinesa na crise na Ucrânia impediu efetivamente uma terceira Guerra Mundial.

No fundo, o mundo necessita paz em vez de guerra. Isto exige a nossa vontade e esforços comuns.

(Xi Pu é observador de assuntos internacionais baseado em Beijing.)