Editor-chefe de revista brasileira publica artigo sobre o que viu na China
Fonte: CMG Published: 2024-09-30 10:44:16

O editor-chefe da revista brasileira Fórum, Renato Rovai, publicou no dia 11 de setembro o artigo “A China que eu vi, vivi e senti constrói um novo mundo mais socialista” no site da revista.

“Daqui a 30 anos o mundo, que muitos enxergamos como a caminho do caos, pode ter um viés mais socialista. Um mundo mais justo. Os chineses e seus dirigentes atuais parecem acreditar muito nisso. E estão buscando construir este futuro”, escreveu Rovai.

Segundo o jornalista, a sua principal conclusão depois de visitar o país asiático por 12 dias pela ocasião da celebração dos 50 anos das relações China-Brasil é que “a China está construindo um novo mundo, que muitas vezes almejamos, numa velocidade impressionante”.

O socialismo com características chinesas era algo que todos que estavam nesta viagem queriam entender, também foi a pergunta mais feita aos interlocutores do governo nos primeiros dias. Não é algo fácil de entender, nem de explicar. Talvez seja mais fácil de sentir. “A China mistura hoje o que ela considera bom do capitalismo, ou seja, a sede pelo desenvolvimento de alto impacto e a permissão de classes sociais diferentes, com economia planificada e centralismo democrático”, apontou Rovai.

“Dá pra dizer que a China é uma democracia mesmo não tendo eleição direta para presidente? Os chineses também respondem que sim e falam em ampla democracia consultiva, elencando uma série de processos de decisões e escolhas que são realizadas desde os pequenos vilarejos até a direção nacional (Politburo). Um processo de baixo para cima em que os representantes são votados e escolhidos a partir da qualidade do trabalho que realizam.”

Renato Rovai contou a história do presidente chinês, Xi Jinping, para os leitores terem uma ideia de como alguém chega a presidente da China. “É um processo. A pessoa precisa ter uma carreira de Estado e ir galgando degraus na hierarquia partidária. Só depois dessa trajetória, em que o líder se constrói sendo votado num partido que hoje tem 96 milhões de filiados, é que ele pode ser presidente. Não se chega à presidência da China ou mesmo a cargos importantes de direção da noite para o dia. E sem conhecer profundamente as instâncias partidárias e estrutura do Estado. Do ponto de vista do Ocidente isso não é algo democrático. Para a China, esse talvez seja um dos segredos do seu sucesso.”

Na opinião do jornalista, a viagem à China foi importante para deixar claro que a potência asiática está hoje no caminho do futuro como nenhum outro país. Ele visitou Beijing, Chengdu e Wuhan, todas cidades maiores que São Paulo, que é a mais populosa da América Latina. “Essas cidades são extremamente organizadas, limpas, despoluídas (seus rios e lagos são usados para lazer pela população local, há parques em vários lugares) e silenciosas. Sim, esqueça aquela China barulhenta e com as pessoas andando de máscara por conta da poluição. Isso é passado. Os investimentos em infraestrutura pública, plantio de árvores, carros elétricos, transporte coletivo e reorganização das moradias mudou a cara das megalópoles chinesas. Hoje você anda pelas ruas como se estivesse num centro muito menor. Mesmo vendo tudo grandioso.”

Aos olhos de Renato Rovai, os chineses descobriram muito mais o Brasil do que o contrário. “Tá na hora dos brasileiros e em especial o campo progressista brasileiro conhecerem melhor a segunda maior potência mundial, um país que se autoproclama socialista e que está trabalhando arduamente para construir um outro tipo de mundo. Um mundo onde a miséria não exista e a tecnologia esteja a serviço da cidadania. Um mundo onde haja desenvolvimento sustentável e as cidades funcionem.”