Em vez de ter as duas coisas, buscando contenção por um lado e solicitando cooperação por outro, os Estados Unidos deveriam derivar sua política para a China de uma percepção racional sobre a China, disse sexta-feira o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em Nova York.
"Os Estados Unidos não devem sempre abordar a China com duas faces: por um lado, cercando e reprimindo a China descaradamente e, por outro lado, dialogando e cooperando com a China como se nada estivesse errado", disse Wang, também membro do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China.
"Como os Estados Unidos expressaram várias vezes que não têm intenção de ter conflito com a China, então, fundamentalmente, precisam estabelecer uma percepção racional da China e encontrar a maneira certa de conviver com ela", disse o veterano diplomata chinês.
"Os Estados Unidos precisam dialogar com respeito, promover a cooperação no espírito de reciprocidade e abordar as diferenças com grande prudência, em vez de fazer o que quiser, quando quiser, a partir de uma posição de força ou usar erros anteriores como desculpas para cometer mais erros", disse Wang à margem da 79ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Sobre a questão de Taiwan, Wang disse que "se os Estados Unidos realmente esperam ver paz e estabilidade através do Estreito de Taiwan, devem respeitar o princípio de Uma Só China, implementar os três comunicados conjuntos China-EUA, parar de armar Taiwan, opor-se publicamente à 'independência de Taiwan' e apoiar a reunificação pacífica da China".
Wang continuou dizendo que a China "se opõe firmemente à supressão dos EUA no comércio e na tecnologia" e que a China "jamais aceitará pregações condescendentes dos 'professores' de direitos humanos, muito menos interferência nos assuntos internos da China sob o pretexto de direitos humanos".
Destacando a importância dos intercâmbios entre pessoas entre a China e os Estados Unidos, Wang pediu ao lado dos EUA que "remova os obstáculos com ações reais".
Wang articulou a posição firme da China sobre a questão do Mar do Sul da China. Ele disse que a China continua comprometida em resolver as diferenças por meio do diálogo e da consulta com os países diretamente envolvidos.
Os Estados Unidos não devem causar problemas no Mar do Sul da China ou minar os esforços dos países regionais para salvaguardar a paz e a estabilidade lá, acrescentou Wang.
Sobre a questão na Ucrânia, Wang disse que a posição da China é transparente. A China tem se comprometido a promover negociações para a paz e tem feito seus esforços para uma solução pacífica.
Os Estados Unidos devem parar de difamar e impor sanções arbitrariamente à China ou usar o país como bodes expiatórios e parar de usar essa questão para criar antagonismo e incitar confrontação entre blocos, disse Wang.
Os dois lados concordaram que a reunião foi franca e substantiva, e que a China e os Estados Unidos precisam encontrar uma maneira de viver lado a lado em paz no futuro indefinido.
Os dois lados continuarão a implementar os importantes entendimentos comuns dos dois presidentes em São Francisco em novembro passado, engajar-se no diálogo e na cooperação e administrar adequadamente as diferenças para trabalhar em direção ao desenvolvimento estável, saudável e sustentável das relações bilaterais.
Os dois lados concordaram em manter a comunicação sobre as questões internacionais e regionais de focos de crises e realizar uma nova rodada de consultas sobre assuntos da Ásia-Pacífico no devido tempo.