AliExpress, a plataforma internacional de vendas da gigante chinesa de comércio eletrônico Alibaba Group, fechou recentemente um acordo de parceria estratégica com a Magazine Luiza (Magalu), para que os produtos de ambas as partes sejam vendidos na plataforma uma da outra.
Conforme acordado, a Magalu vai vender produtos da série "Choice" do AliExpress, incluindo acessórios de computador, produtos de moda, móveis para casa, produtos para bebês, etc. Ao mesmo tempo, eletrodomésticos e outros bens de consumo duráveis da Magalu também serão vendidos no site da AliExpress. A cooperação entrará em vigor a partir do terceiro trimestre deste ano. Segundo Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza, a parceria visa acelerar a "estratégia de diversificação de categorias e de aumento da frequência de compra, além de impulsionar nosso marketplace".
De acordo com Citibank, o lançamento do serviço "Choice" da AliExpress na Magalu ajudará a expandir a penetração da plataforma chinesa e enriquecer as categorias de produtos. Além disso, ao fazer parcerias com empresas locais, a AliExpress pode mitigar possíveis riscos futuros caso o Brasil imponha novas restrições regulatórias sobre a operação de plataformas de comércio eletrônico estrangeiras.
Devido à COVID-19, as venda nas lojas físicas do Brasil registraram uma queda nos últimos anos, enquanto as de comércio eletrônico aumentaram de forma notável, o que atraiu a atenção de empresas internacionais de comércio eletrônico. SHEIN, Temu, TikTok Shop e AliExpress, conhecidas como "os quatro dragões do comércio eletrônico transfronteiriço da China", vêm explorando o mercado latino-americano.
Em 2023, a SHEIN anunciou um investimento de quase US$ 150 milhões no Brasil, enquanto a TikTok e a Temu efetivamente iniciaram suas pesquisas de mercado visando iniciar suas operações no país sul-americano.
Conforme Sun Yanfeng, vice-diretor e pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos do Instituto Chinês de Relações Internacionais Contemporâneas, as vantagens competitivas das plataformas chinesas residem no preço baixo e adaptação das práticas ao ambiente local. "Os consumidores locais têm acesso a categorias diversificadas de produtos nas plataformas chinesas por um preço baixo."
Os governos de diferentes níveis da China vêm promovendo o comércio eletrônico transfronteiriço. Em abril do ano passado, o Gabinete Geral do Conselho de Estado emitiu a "Opinião sobre a Promoção de uma Escala Estável e Estrutura Otimizada no Comércio Exterior", em que enfatizou o desenvolvimento inovador sustentável e saudável do comércio eletrônico transfronteiriço e a promoção ativa do modelo "comércio eletrônico transfronteiriço + cinturão industrial".
No primeiro trimestre deste ano, o comércio eletrônico transfronteiriço da China registrou um aumento de 9,6% em termos anuais para 577,6 bilhões de yuans (US$ 81,3 bilhões), segundo dados divulgados pelo Ministério do Comércio.
Conforme informações divulgadas pela SHEIN, a empresa lançou um plano nacional no ano passado que visa promover as exportações considerando também que a empresa tem acesso a um cinturão industrial abrangendo cinquenta cidades do país. A plataforma segue o modelo de "produção sob encomenda", que é mais flexível.
Em relação à logística, a Alibaba está planejando construir bases de armazenamento no Brasil, com objetivo de reduzir os custos do transporte transfronteiriço. A Cainiao Network e a Jingdong Logistics, duas grandes operadoras de logística da China, abriram voos fretados entre os dois países, por exemplo, a Cainiao Network abriu voos fretados Hong Kong-São Paulo, operando uma vez por semana, com capacidade de transporte de aproximadamente 100 toneladas de mercadorias. Combinada com a construção de instalações de logística na América Latina, a Cainiao Network reduzirá o prazo de logística para apenas 12 dias, em contraste ao prazo anterior de 40 a 50 dias.
O pagamento digital é outro fator vital para o comércio eletrônico transfronteiriço. A EBANX, provedora brasileira de soluções de pagamento, começou a fornecer tais soluções no Brasil para a AliExpress em 2013, incluindo pagamentos com cartão, pagamentos com carteira eletrônica e sistemas de pagamento instantâneo. Após 11 anos de desenvolvimento, a EBANX já atendeu cerca de 100 empresas chinesas de vários setores, fornecendo métodos de pagamento personalizados para ajudar as empresas chinesas a expandir seus negócios nos mercados emergentes.
"O principal obstáculo é o procedimento de liberação alfandegária excessivamente complicado no Brasil, causado por tecnologias e políticas burocráticas", disse Sun, acrescentando que certas empresas da China e do Brasil estão estudando a atualização do software da seção alfandegária do Brasil.