Na quinta-feira (6) de manhã, imagens de funcionários públicos japoneses inspecionando a sede da Suzuki foram transmitidas pelos principais veículos de imprensa do país. Há poucos dias, cinco montadoras automobilísticas japonesas foram acusadas de falsificar dados durante testes, despertando amplas preocupações na sociedade japonesa. O secretário-chefe do Gabinete do Japão, Hayashima Hayashi, admitiu que o escândalo não apenas abalou os alicerces do sistema de certificação automotiva do país, mas também prejudicou a credibilidade da indústria automobilística nacional.
O escândalo começou com uma misteriosa carta exposta em abril do ano passado. Um denunciante da Daihatsu Motor Company revelou informações sobre a fraude efetuada pela empresa no teste de colisão de seus modelos.
No final de maio deste ano, uma investigação maior feita pelas autoridades de transporte japonesas descobriu que o caso da Daihatsu era apenas uma pequena parte da fraude coletiva por parte das montadoras do país. Ao todo, 38 modelos de cinco grandes montadoras japonesas estão envolvidos na falsificação: Toyota, Honda, Mazda, Yamaha e Suzuki. Seis deles ainda estão sendo vendidos no mercado, envolvendo mais de 5 milhões de unidades.
A indústria japonesa era conhecida pelo seu “espírito artesanal”. Agora, sucessivos escândalos de fraude fazem com que o mundo duvide dessa fama.
Nas últimas décadas, a indústria de manufatura do Japão alcançou conquistas notáveis, mas isso também fez com que algumas empresas não tivessem consciência da crise e se contentassem com o status quo, não estando dispostas a levar a cabo as inovações e reformas necessárias. Tal atitude conservadora tornou as empresas lentas na resposta às novas tecnologias e aos novos mercados, dificultando a adaptação ao ambiente de mercado em rápida mudança.
Os problemas de rigidez do sistema interno e de falhas na liderança das empresas japonesas dificultaram a reforma no setor.
Além disso, as autoridades reguladoras japonesas têm fracassado no estabelecimento de normas, na supervisão e na inspeção, bem como na melhora de mecanismos de punição, o que permitiu que algumas empresas evitassem facilmente a fiscalização e a penalidade, reduzindo objetivamente o custo da falsificação.
A falta de profissionais relativos faz com que algumas empresas corram riscos também. Por exemplo, a Mitsubishi Electric vem falsificando dados de inspeção há muito tempo porque não tem técnicos qualificados suficientes.
Tradução: Inês Zhu
Revisão: Diego Goulart