A Conferência Internacional "50 anos de relação Brasil-China: cooperação para um mundo sustentável" foi aberta nesta terça-feira na sede da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) em Brasília com a participação de autoridades e especialistas de ambos os países.
A iniciativa pretende fomentar o debate sobre o que se espera para o futuro dos vínculos entre os dois países e as possíveis vias de cooperação para um mundo sustentável. Este ano se completam 50 anos das relações diplomáticas iniciadas em agosto de 1974.
O evento é organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), em parceria com o Top Think Tank Nacional e o Instituto de Estudos Latino-americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais (CASS), principal organização acadêmica e centro de pesquisa especializado em filosofia e ciências sociais da China.
A mesa de abertura foi encabeçada pelo vice-presidente brasileiro e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin; pelo embaixador da República Popular da China no Brasil, Zhu Qingqiao; e pelo secretário para Ásia e Pacífico da chancelaria brasileira, Eduardo Paes Saboia.
Também estiveram presentes o vice-presidente da CNA, Gedeão Silveira Pereira, ex-ministra de Agricultura e Pecuária (2019-2022), Tereza Cristina, assim como Shi Dan pela CASS e José Pio Borges pelo CEBRI.
Em seu discurso, o vice-presidente do Brasil, Alckmin, celebrou as relações de amizade e cooperação entre os dois países e a contribuição chinesa para a fase de recuperação que a economia brasileira está atravessando.
"A relação Brasil-China é um caso de sucesso, de parceria, de comércio e investimentos. O Brasil vive um bom momento e a China tem um papel extremamente relevante para isso", afirmou.
Alckmin, que encabeça a parte brasileira da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), destacou o número "impressionante" de empresários interessados em participar da próxima reunião do órgão, prevista para 5 e 6 de junho em Beijing.
Alckmin citou ainda que no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2006, houve uma grande comemoração porque o Brasil tinha superado os US$ 100 bilhões no total das exportações. Agora, seu país exporta US$ 104 bilhões em um ano apenas para a China.
A amizade e a parceria entre os dois países foram fortalecidas ainda mais com a visita do presidente Lula à China no ano passado e vai crescer mais ainda, observou, destacando que o sociólogo, Gilberto Freyre, dizia que o Brasil é a China dos trópicos. "Vamos trabalhar juntos pela inclusão e pelo desenvolvimento", disse.
Zhu Qingqiao ressaltou que a relação entre a China e o Brasil tem resultado em um progresso conjunto destacável, com amplas convergências e um futuro comum de perspectivas ainda mais favoráveis.
"A relação tem dado frutos em todas as áreas, sendo um exemplo de progresso conjunto entre grandes nações em desenvolvimento. Esta parceria transcende o bilateralismo e exerce uma influência estratégica e global cada vez maior", ressaltou.
Segundo o embaixador chinês, a visita do presidente Lula à China no ano passado deu um novo impulso à relação bilateral, e destacou a importância da cooperação entre os dois países em um mundo que atravessa um profundo reajuste na relação de forças.
"A China promove um novo conceito de desenvolvimento mediante novas forças produtivas de qualidade. A China desenvolveu um enfoque centrado no povo e na prosperidade comum, levando a cabo, com êxito a maior batalha contra a pobreza na história", enfatizou.
Ele reafirmou que a China busca construir uma comunidade com um futuro compartilhado e promover uma ordem mundial multipolarizada, ordenada e equitativa.
"China e Brasil compartilham conceitos similares de promoção da paz, do desenvolvimento e da prosperidade, e estão comprometidos em levar sua relação a novos níveis. Vamos unir forças para aumentar a influência e a voz dos países em desenvolvimento e promover um sistema de governança global mais justo e equitativo", afirmou.
Saboia, representando a chancelaria brasileira, sublinhou que a relação entre o Brasil e a China é exemplo entre países em desenvolvimento, sendo os maiores em seus respectivos hemisférios, em território e população.
"Trabalhamos para ampliar nossas convergências. Temos uma relação pragmática e construtiva, com respeito mútuo e buscando resultados concretos para nossas comunidades e a humanidade em geral", disse.
Saboia destacou que a relação põe ênfase na neoindustrialização, transição energética, ciência, tecnologia e inovação, bem como a cooperação na reforma da governança global.
"A relação está acima das contingências e das turbulências, consolidando uma aliança sólida e altamente institucionalizada. Em 2024 celebramos cinco décadas de relações diplomáticas, um período em que os dois países atravessamos grandes transformações políticas, econômicas e sociais", afirmou.
Esta sólida aliança, disse, foi prestigiada com a visita do chanceler chinês Wang Yi ao Brasil em janeiro passado, dando início às celebrações dos 50 anos.
Por sua vez, Tereza Cristina disse que a relação entre a China e o Brasil no setor agropecuário é um exemplo de benefício mútuo.
"Ao ser o maior importador de alimentos, a China busca provedores confiáveis, e o Brasil tem mantido uma relação historicamente amigável, estável e previsível. A tradição brasileira de universalismo encontra na China um parceiro central, fortalecendo uma amizade cada vez mais intensa em todas as áreas, baseada na confiança mútua", destacou.