Por José Reinaldo Carvalho, jornalista, editor internacional do Brasil 247 e secretário-geral do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).
O 29 de Novembro assinala o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Milhões de pessoas se manifestam em todo o mundo em defesa dessa população vitimada pelas injustiças da ocupação, pela negação dos seus direitos nacionais e, não raras vezes, pela violência.
No transcurso desse dia, a China apresentou um conjunto de iniciativas políticas e diplomáticas que, para além de reafirmar uma posição histórica de defesa da justiça e dos direitos inalienáveis do povo palestino, representa uma contribuição consistente à solução do grave conflito em curso no Oriente Médio, que se tornou mais agudo a partir da guerra desencadeada desde o dia 7 de outubro na Faixa de Gaza.
A primeira iniciativa se reveste de importância maiúscula porque parte do presidente Xi Jinping, um líder mundial com autoridade incontestável e ardente defensor da paz mundial. Por ocasião de uma reunião realizada na ONU na quarta-feira, 29 de novembro, para comemorar a data, o Presidente Xi, além de expressar as suas felicitações, afirmou que as lições amargas do ciclo do conflito palestino-israelense demonstram plenamente que somente defendendo o conceito de segurança comum é possível alcançar uma segurança sustentável. Uma opinião que guarda total coerência com o que o líder máximo do povo chinês tem defendido reiteradamente no palco internacional.
Em sua mensagem, o presidente chinês demonstrou com clareza que a questão palestina está no centro da crise no Oriente Médio, destacando que o cerne do conflito palestino-israelense está na realização há muito esperada do direito nacional legítimo do povo palestino de estabelecer um Estado independente.
Em sua mensagem, Presidente Xi deu indicações importantes. Ele instou o Conselho de Segurança da ONU a assumir suas responsabilidades e fazer todos os esforços para facilitar um cessar-fogo, garantir a segurança dos civis e parar o desastre humanitário. E defendeu a retomada imediata das negociações de paz entre palestinos e israelenses, com o atendimento das reivindicações históricas do povo palestino – a criação do seu Estado nacional independente, capaz de sobreviver soberanamente, e a garantia do direito de retorno.
O Presidente Xi reafirmou a posição chinesa de que a única maneira viável de resolver a questão palestina está no estabelecimento de um Estado palestino independente, que goze de plena soberania com base nas fronteiras de 1967, e com Jerusalém Oriental como sua capital.
Visto o conflito palestino-israelense de uma maneira global, tem toda a razão o Presidente Xi de vincular a solução do problema à Iniciativa de Segurança Global. Segundo esta Iniciativa, lançada pela China, as diferenças, disputas e conflitos internacionais não podem ser resolvidos pela força, nem pela imposição da vontade de um dos lados. É preciso ter a noção dos interesses coletivos de toda a comunidade de nações, e de que a segurança de um não pode ser garantida à custa da insegurança dos demais. Por isso, a China dá uma importante contribuição, com a proposição de seu líder de realizar diálogos e consultas que conduzam à solução pacífica da crise e promovam negociações de paz. O presidente chinês mostra enorme sensibilidade social e elevados sentimentos humanitários ao propor também que se assegure o atendimento das necessidades da economia palestina e da subsistência do povo. O assunto guarda relação também com a necessidade de construir uma comunidade de futuro compartilhado, o que pede o envolvimento da comunidade internacional, com o empenho para aumentar a assistência ao desenvolvimento e a ajuda humanitária.
É muito importante, também, o chamamento feito pelo Presidente Xi ao Conselho de Segurança da ONU para construir um consenso global sobre a promoção da paz, trazer a questão palestina de volta ao caminho certo em direção à solução de dois Estados e lutar por uma solução abrangente, justa e duradoura em uma data próxima. A China tem autoridade para fazer este apelo porque é um dos membros permanentes do Conselho de Segurança.
Na sequência das iniciativas políticas e diplomáticas de alto nível tomadas pela China para buscar uma solução para o conflito palestino-israelense, o Ministério das Relações Exteriores do país divulgou, nesta quinta-feira (30), um documento afirmando a posição chinesa sobre a resolução da questão. Depois de constatar que o atual conflito palestino-israelense causou pesadas baixas civis e um grave desastre humanitário, a República Popular da China propõe um cessar-fogo imediato e o fim dos combates, garantindo que os corredores humanitários estejam seguros e desimpedidos e impedindo a expansão do conflito.
O documento da Chancelaria chinesa vai direto ao ponto principal: “As partes em conflito devem realmente implementar as resoluções relevantes da AGNU e do CSNU e realizar imediatamente uma trégua humanitária durável e sustentada. Com base na Resolução 2712 do CNU, o Conselho de Segurança, em resposta aos apelos da comunidade internacional, deve exigir explicitamente um cessar-fogo abrangente e o fim dos combates, trabalhar para a desescalada do conflito e acalmar a situação o mais rápido possível”.
É também crucial a proposta do Ministério das Relações Exteriores chinês de proteger os civis de forma eficaz, instando todas as partes a respeitarem a resolução do Conselho de Segurança da ONU e cumprirem suas obrigações sob o direito internacional humanitário, principalmente no que diz respeito à proteção de civis.
Por conseguinte, o documento da Chancelaria chinesa propõe a garantia da assistência humanitária e a melhoria da mediação diplomática, com o Conselho de Segurança alavancando seu papel na facilitação da paz.
Como solução de fundo, o documento propõe a concertação de um acordo político. E, mais uma vez, a China explicita sua posição a respeito, que está em consonância com as resoluções relevantes do CSNU e o consenso internacional: “a solução fundamental da questão da Palestina reside na implementação da solução de dois Estados, na restauração dos direitos nacionais legítimos da Palestina e no estabelecimento de um Estado independente da Palestina que goze de plena soberania com base na fronteira de 1967, e com Jerusalém Oriental como sua capital”.
Por razões históricas já exaustivamente explicadas e justificadas, a luta do povo palestino pela libertação nacional e por um Estado plenamente independente e soberano é legítima. A situação geopolítica no Oriente Médio é notoriamente complexa. Os conflitos que esta encerra exigem soluções de fundo. As propostas de solução apresentadas pela China correspondem à realidade, ao sentimento de justiça e solidariedade que se espalha pelo mundo para com a causa palestina e à aspiração de paz. Por isso, essas propostas podem ser acolhidas e implementadas.