O centro comercial Cidade da China é o maior mercado de venda de produtos diversos instalado em Luanda, capital da República de Angola. Inaugurado em junho de 2017, dispõe de uma expressiva área comercial, com 16 naves, que albergam mais de 400 lojas, e de uma zona residencial, com 29 prédios. No local, são vendidos produtos diversos, como materiais de construção civil e decoração, brindes para festas, artigos para o lar, electrodomésticos, acessórios de viaturas, vestuário, calçado, bem como reserva espaços para actividades de logística e exposição.
Localizado dentro do Pólo Industrial de Viana, junto à Via-Expresso, ao lado da entrada do Zango e a cerca de 20 minutos do novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto (em homenagem ao primeiro presidente de Angola), o centro comercial acolhe a maior parte de negociantes estrangeiros, sobretudo chineses, namibianos, mauritanos, camaroneses e egípcios.
Cada vez mais são os angolanos que “vão à China” sem sair de Angola, tornando o centro comercial no destino predilecto, onde encontram um leque alargado de produtos provenientes daquele gigante asiático. A variedade de produtos é uma das razões apontadas por quem ali se desloca. Os preços são para todos os bolsos.
Os produtos são comercializados a retalho e a grosso e as lojas estão abertas das primeiras horas do dia até às 15 horas. Além da zona comercial, tem áreas destinadas ao processamento, montagem e armazenamento.
Shang Xiaowen, de 44 anos, chinês de nacionalidade, está em Angola desde 2019. Vende roupas usadas e novas, gosta de estar no país africano e destaca a grande concorrência nos produtos que comercializa.
“Há dias de muita venda e outras nem tanto. Estamos neste negócio há já algum tempo e compreendemos os altos e baixos da clientela”, adiantou-se a afirmar o chinês, sublinhando o facto de a Cidade da China ser um mercado muito visitado.
“Vem para aqui muita gente. A maioria são mulheres que aproveitam a baixa de alguns preços para revender em outros mercados da cidade”, disse.
Para Lu Rongwei, outro dos chineses comerciantes na Cidade da China, a constante alteração do câmbio representa o principal empecilho do negócio. “Comercializo mobília de madeira, majoritariamente camas e portas. A madeira é de Angola, mas a tinta, fechadura e a cola vêm da China”, esclareceu o vendedor, de 41 anos.
Embora tivesse admitido que a maioria dos angolanos prefere produtos nacionais, “made in Angola”, é sobretudo o baixo preço dos produtos fabricados na China que cativam os clientes.
“Praticamos bons preços e os nossos clientes gostam. Temos à venda produtos da indústria angolana e chinesa. Os produtos da China são mais baratos. Cada cliente tem a sua preferência”, revelou Lu Rongwei.
Na área da restauração, encontramos Wang Li, de 54 anos. Disse estar em Angola há já sete anos e é natural de Beijing, capital chinesa. O seu restaurante é muito frequentado por angolanos, mas também por famílias chinesas. “Recebemos a visita de muitos angolanos que gostam da comida chinesa, mas também temos comidas de Angola. Uns preferem a carne de vaca na chapa, enquanto outros a sopa de peixe, que é típica da China”, referiu a mulher.
Uma das clientes frequentes do centro comercial é Joana António, na medida em que é revendedora de balões de fardo e duas vezes por semana vai à Cidade da China para adquirir o produto.
“Estou aqui para comprar roupa proveniente da Guiné. Os clientes encomendam sempre, porque está na moda. O balão custa 80 mil kwanzas. É de boa qualidade e o preço é justo”, afirmou a jovem, de 24 anos, para em seguida confessar que o centro comercial veio ajudar os comerciantes angolanos.
Paula Quimonha, de 33 anos, revelou que “a Cidade da China está a contribuir para o negócio de muitas mulheres”, argumentando com o facto de “haver senhoras que começaram o seu próprio negócio com 40 mil kwanzas ou mesmo menos e já conseguem sustentar as famílias”.
“Não tenho emprego e preciso pagar a minha formação, por isso, faço este negócio de venda de roupas usadas”, acrescentou a revendedora.
Mais do que contribuir para alavancar o negócio, o centro comercial chinês em Angola veio proporcionar opções de emprego para muitos jovens angolanos. Entre eles está Nelson Manuel, morador de Viana, arredores da Cidade da China. Confessou que “todos os dias leva algum dinheiro, entre 15 a 20 mil kwanzas para ajudar na alimentação da família”.
A Cidade da China, em Angola, foi desenvolvida por um grupo de empresários chineses, com o objectivo de que contribuir, significativamente, para diversificação do mercado angolano.
Os empresários chineses estudaram, durante algum tempo, as áreas de investimento em Angola que pudessem acolher a “Chinatown”, até que concluíram num investimento na área de imobiliária, num complexo comercial de prestação de serviços mercantis, forma de transportar aos poucos a economia informal para a formal.
Por Paulo Caculo, jornalista do Jornal de Angola