A Europa deve ter confiança perante concorrência no mercado de carros elétricos
Fonte: CMG Published: 2023-09-19 21:39:50

 “Impedir a concorrência da China é uma resolução econômica imatura.” “Tarifas punitivas e barreiras comerciais só levarão a uma situação em que todos perdem.” Nos últimos dias, tem havido um debate acirrado na Europa sobre o anúncio da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de lançar uma investigação antissubsídio sobre os veículos elétricos chineses.

A Alemanha e a França, duas das principais economias da União Europeia (UE), apresentaram atitudes contrárias quanto à decisão. O governo francês e a indústria automobilística da França apoiaram a promulgação de medidas relativas da UE, enquanto o setor alemão manifestou claramente sua oposição. A razão é simples: os interesses da indústria automobilística da Alemanha no mercado chinês são muito maiores do que os da França.

A divergência mostrou, de certa maneira, que a UE não agiu a partir de uma forma racional e equilibrada e dos interesses gerais do continente neste assunto. A revista alemã Wirtschaftswoche considerou que a decisão do lançamento de investigações sobre os carros elétricos chineses foi movido por “fatores políticos”.

Atualmente, os veículos elétricos chineses ocupam 8% do mercado da UE, uma proporção não muito alta. Já os preços dos carros das principais marcas chinesas vendidos na Europa são mais elevados do que no próprio país. Por isso, a realização de investigações antissubisídios da UE sobre os produtos chineses não tem razões sólidas.

Nos últimos anos, a indústria de veículos elétricos chineses apresentou uma forte competitividade graças à entrada relativamente cedo das empresas do país neste mercado e aos seus esforços constantes pela inovação e desenvolvimento, formando uma cadeia industrial mais completa do que as outras nações.

Em comparação, a Europa, importante produtora de carros tradicionais a gasolina, experimentou uma transformação relativamente desacelerada para a fabricação de carros de novas energias. Alguns países e montadoras europeus estão preocupados com uma ocupação chinesa no mercado do continente.

Durante muito tempo, a China tem sido um importante mercado de empresas automobilísticas europeias. O governo chinês nunca estabeleceu barreiras para a entrada dessas companhias ao mercado chinês, o que lhes garantiu a obtenção constante de lucros consideráveis. Porém, quanto os veículos elétricos da China passaram a ter um desenvolvimento rápido, a Europa não apresentou uma atitude semelhante e adotou o protecionismo sob o pretexto de “concorrência justa”.

De fato, a Europa é uma base de peso de produção de veículos com seus fundamentos sólidos de marcas, recursos humanos e tecnologias. O continente possui muitas condições favoráveis para tornar sua indústria de carros elétricos mais forte.

Ao mesmo tempo, a China e a UE têm um amplo espaço de cooperação e muitos interesses comuns no setor automobilístico. Montadoras como BMW e Volkswagen vêm ampliando seus negócios de veículos a novas energias na China, ao estabelecer parcerias com empresas chinesas para obter as tecnologias de bateria e consolidar seu mercado na China.

Conforme as informações relativas, as investigações antissubsídios da UE sobre a China podem durar vários meses. A adoção de tarifas punitivas será decidida por votos. Isso significa que ainda existe tempo para a UE virar sua posição. Perante a ascensão do unilateralismo e protecionismo no mundo, os dois lados devem resolver as divergências por meio de diálogos e consultas e trabalhar em conjunto para manter a estabilidade das cadeias industriais globais.

Tradução: Paula Chen

Revisão: Erasto Santos Cruz