A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, na noite dessa quarta-feira (31), um projeto de lei para suspender o teto da dívida do país até 1º de janeiro de 2025, com o objetivo de evitar o calote do governo Biden. Ao mesmo tempo, o acordo define limites de gastos para os anos financeiros de 2024 e 2025.
Vale notar que a dívida pública dos EUA domina o mercado de títulos de dívida do mundo. Dessa forma, um eventual calote do governo estadunidense seria devastador tanto para o país quanto para a economia global.
Dito isso, o novo projeto de lei de Washington não resolveu a crise, tendo apenas pressionado o botão de pausa. Ademais, essa situação poderá fazer com que a dívida estadunidense atinja um nível sem precedentes em 2025, o que será ainda mais perigoso para o mundo inteiro.
De fato, esse é um problema que já se arrasta há muito tempo. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os EUA elevaram em 102 vezes seus limites da dívida. Atualmente, o teto é de US$ 31,46 trilhões, ocupando 120% de seu produto interno bruto (PIB), ou seja, é como se cada estadunidense contraisse uma dívida no valor de US$ 94 mil.
Continuar criando novas dívidas para pagar aquelas antigas faz com que a dívida dos EUA pareça um enorme esquema Ponzi. Por isso, em 24 de maio, a agência internacional de classificação de risco Fitch anunciou que havia rebaixado sua perspectiva de classificação de crédito soberano dos Estados Unidos para "negativa".
Nos últimos meses, os dois partidos do país demoraram muito tempo para resolver a questão mencionada acima, deixando referida solução parcial para a última hora. Todavia, a demora para encontrar uma solução mais completa poderá causar um maior impacto para a economia mundial, mesmo que não atrapalhe as eleições presidenciais estadunidenses em 2024.
O dólar é a maior moeda de reserva e de pagamento do mundo, ocupando quase 60% da reserva internacional e sendo utilizada em 40% das transações globais. Os EUA utilizam esse privilégio para defender seus próprios interesses.
“O nosso dólar, o vosso problema”, disse o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Bowden Connally Jr. Vale lembrar também que o ex-presidente francês, Charles de Gaulle, já havia criticado o fato de que, embora o dólar seja apenas um papel que não vale nada, ele poderia roubar recursos e fábricas de outros países.
Por sua vez, a agência internacional de classificação de risco Moody's divulgou recentemente um relatório, indicando que a crise da dívida e o abuso de sanções ameaçam o status do dólar, e que o sistema monetário global se tornará mais diversificado nas próximas décadas.
Tradução: Luís Zhao
Revisão: Pedro Steenhagen