Antes da visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China, o Grupo de Mídia da China realizou um diálogo intitulado Abertura e Inovação em Busca do Desenvolvimento Compartilhado. O evento contou com a participação de especialistas chineses e brasileiros que discutiram temas como modernização chinesa, relação China-Brasil, comunidade com futuro compartilhado para a humanidade entre outros.
Na ocasião, o embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, disse: “Atualmente, tanto a China como o Brasil iniciaram uma nova jornada para construir um país moderno e, portanto, compartilham áreas ainda mais amplas de interesses comuns e maior espaço para a cooperação. Esperamos trabalhar com o lado brasileiro para implementar os importantes consensos dos dois chefes de Estado, fortalecer o alinhamento das estratégias de desenvolvimento, ampliar cooperações nas áreas de comércio e investimento, assim construindo novas marcas de cooperação na economia digital, desenvolvimento verde, inovação científica e tecnológica e nova industrialização. E ao mesmo tempo, temos que fortalecer ainda mais o intercâmbio humanístico e cultural para intensificar a amizade entre os dois povos e a aprendizagem mútua das civilizações.”
O embaixador brasileiro, Marcos Galvão, elogiou as cooperações entre China e Brasil. “No título da atual sessão aparece como qualificador, mas que, de certa forma, representa a própria essência de nosso trabalho conjunto. Estou me referindo à natureza compartilhada do desenvolvimento, ou seja, a capacidade que a cooperação entre Brasil e China tem, em si, para auxiliar na obtenção dessa meta tão central para nossos povos. Nossos países têm há décadas buscado o desenvolvimento, em esforço que vem envolvendo gerações de brasileiros e de chineses. Quando juntamos esforços, chegamos mais perto de nosso objetivo.”
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Luciana Santos, sublinhou as colaborações entre os dois países na área de tecnologia. “Considero decisiva a nossa cooperação com a China para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. Como um exemplo, o programa CEBERS, a maior cooperação entre países do Sul, que permitiu o desenvolvimento conjunto do satélite de sensoriamento remoto.”
O diretor executivo do Centro de Estudos Brasileiros da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Zhou Zhiwei destacou as cooperações sino-brasileiras no bloco do BRICS. “Nos últimos anos, os dois governos têm cooperado cada vez mais estreitamente em instituições multilaterais, especialmente através do mecanismo BRICS, a China e o Brasil podem alcançar uma cooperação mais ampla com outros países em desenvolvimento, aumentar a voz geral dos países em desenvolvimento nos assuntos internacionais e promover o estabelecimento de uma nova ordem política e econômica mundial. Portanto, o significado das relações China-Brasil tem mais implicações globais e estratégicas cada vez mais importantes.”
O secretario de Relações Internacionais do PT do Brasil, Romenio Pereira, disse no seu discurso que a visita de Lula à China abrirá uma nova página para as relações bilaterais, sendo um assunto importante não só para a Ásia e a América Latina, como para todo o mundo.
O presidente da EBC, Hélio Doyle, acha que as relações entre ambos os países vão se desenvolver ainda mais, com mais cooperação, mais entendimento e mais união, em prol da paz, da autodeterminação dos povos, da soberania das nações e em benefício da população de ambos os países. Ele ainda espera por uma maior cooperação entre sua entidade e o Grupo de Mídia da China.
Alessandro Teixeira, professor da Escola de Administração Pública da Universidade de Tsinghua e ex-ministro do Turismo do Brasil, disse: “Os objetivos da China e do Brasil se assemelham muito na busca de políticas de diminuição da desigualdade de políticas de erradicação total da pobreza. Mas principalmente pelo desenvolvimento econômico equânime, um desenvolvimento social mais justo e um desenvolvimento sustentável, que são objetivos tanto para a China como para o Brasil.”
Evandro Menezes de Carvalho, professor de Direito Internacional e Coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da FGV Direito Rio, afirmou: “O governo chinês anunciou um crescimento de 5% para a sua economia este ano na 1ª Sessão da 14ª Assembleia Popular Nacional. Para um país com um PIB próximo de 18 trilhões de dólares americanos, é um crescimento significativo. A China mantém-se na corrida para assumir o pódio global de maior economia do mundo e segue firme no propósito de ter 800 milhões de pessoas na faixa de renda média até 2035. Um mercado consumidor gigantesco. Por ser o maior parceiro comercial de mais de uma centena de países, incluindo o Brasil, estes prognósticos são animadores para muitos governos e isto também significa que será mais intensa a concorrência pelas oportunidades no mercado chinês.”
Renato Peneluppi Jr., advogado, doutor e especialista em Administração Pública Chinesa, membro do think tank não governamental Center for China and Globalization (CCG), elogiou a modernização chinesa no seu discurso: “O projeto de modernização chinesa tem na prosperidade comum, a base para os desafios ambientais e climáticos deste século, garantindo que o crescimento econômico seja sustentável, com harmonia entre o ser humano e a natureza em um caminho de desenvolvimento pacífico. A China tem oferecido muito ao mundo, de bens de consumo para a cadeia globais de valor, a um outro modelo de desenvolvimento, como combater e eliminar a pobreza. Também abre um novo ciclo econômico que desabrocha para a modernização chinesa, que é a modernização de uma enorme população, com prosperidade para todos, como as metas 3060, a revitalização do campo, dupla circulação, megacidades, reformas no sistema de saúde e Estado, além do desenvolvimento pacífico, que contrasta com a modernização ocidental.”
O pesquisador das relações China-Brasil e China-América Latina, ex-auditor federal de finanças e controladoria do Ministério da Fazenda do Brasil, José Nelson Bessa Maia, disse: “A volta de Lula da Silva como novo presidente do Brasil para um terceiro mandato (2023-2026) abre espaço para uma inovação nas relações entre Brasil e China. Em face da difícil situação da economia brasileira, acredito que a parceria econômica em mais alto patamar entre Brasil e China possa ajudar a reverter as dificuldades que o Brasil ora enfrenta.”
Elias Jabbour, professor Associado da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ, destacou o papel do planejamento do Estado no desenvolvimento econômico da China, especialmente do seu macrocontrole. Ele ainda destacou as políticas chinesas em busca da inovação tecnológica.
Marco Fernandes, pesquisador brasileiro do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, disse: “A China lançou a Iniciativa de Desenvolvimento Global, juntamente com a ONU, como uma proposta para combater a pobreza e estimular o desenvolvimento dos países do Sul. Será fundamental tirar proveito deste fórum para aprender com a experiência chinesa.”
O diálogo foi organizado pelo Departamento de Português do Centro de Programação de Línguas da Europa e América Latina do Grupo de Mídia da China e também contou com a participação dos professores e estudantes da Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing e Universidade de Estudos Internacionais de Sichuan.
Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing
Universidade de Estudos Internacionais de Sichuan