Comentário: Macron oferece banquete para persuadir empresários a permanecer
Fonte: CRI Published: 2022-11-24 15:09:41

O presidente da França, Emmanuel Macron, ofereceu nesta segunda-feira (21) um banquete para vários empresários europeus, incluindo funcionários do alto escalão de empresas como Ericsson, Volvo e Unilever. A recepção, que foi realizada no Palácio do Eliseu, palácio presidencial francês, não tinha nada de celebração, mas uma intenção de persuadi-los a permanecer no Continente.

Devido à alta dos preços da energia e aos custos elevados de produção, as empresas europeias enfrentam uma grave crise de sobrevivência. Ao mesmo tempo, a relativa estabilidade dos preços energéticos nos Estados Unidos, aliada aos generosos subsídios concedidos às empresas locais por meio da “Lei de Redução de Inflação”, obrigou as empresas europeias a transferir-se uma após a outra para o outro lado do Oceano Atlântico. 

O aumento do risco de desindustrialização na Europa é uma fonte de angústia para os políticos europeus. Desde a eclosão da crise na Ucrânia, a Europa seguiu os Estados Unidos no lançamento de várias rodadas de sanções contra a Rússia, mas no final se tornou a maior vítima.

Nos Estados Unidos, porém, o provocador da crise assistiu de fora e aproveitou a profunda crise energética da Europa para fazer fortuna. Por exemplo, uma quantia de gás natural liquefeito no valor de US$ 60 milhões foi vendida na Europa por US$ 275 milhões, cotação três vezes maior.

Além disso, em agosto deste ano, Washington lançou a "Lei de Redução de Inflação" para fornecer altos subsídios aos veículos elétricos locais, mas excluiu as empresas da União Europeia, Japão, Coreia do Sul e outros países. Sob termos injustos, a atratividade da indústria europeia de veículos elétricos enfraqueceu e as empresas concernentes se transferiram para os Estados Unidos.

Cada dia mais europeus veem claramente: desde usar o conflito Rússia-Ucrânia para conter a autonomia estratégica da Europa, até explorar a crise energética para fazer fortuna e depois esvaziar a indústria manufatureira europeia, essas são intenções originais dos Estados Unidos!

Macron criticou Washington por desenvolver o “protecionismo comercial”. O ministro da Economia alemão, Robert Habeck, afirmou diretamente que os Estados Unidos estão saqueando a Europa. Funcionários da União Europeia também acusaram o governo estadunidense de violar as regras da Organização Mundial do Comércio.

De fato, desde a Segunda Guerra Mundial, o sistema de alianças criado pelos Estados Unidos tem sido uma ferramenta para salvaguardar seus próprios interesses e hegemonia. Do uso da “jurisdição de braço longo” para suprimir empresas como a Alstom, da França, à imposição de tarifas de propriedade intelectual para enfraquecer a competitividade das indústrias manufatureiras europeias, assim como extorsão de dados confidenciais da Samsung e de outras empresas na cadeia de fornecimento de chips, os Estados Unidos nunca param de suprimir seus aliados.

A Europa está retida aos poderes norte-americanos, o que confirmou repetidamente o ditado: “com um amigo como os Estados Unidos, quem precisa de inimigos?” A estratégia dominadora do “America First” está afastando os aliados. Os países europeus estão tentando quebrar a inércia de seguir os Estados Unidos e buscar a autonomia estratégica. O jantar no Palácio do Eliseu foi um sinal certo.

Tradução: Paula Chen

Revisão: Diego Goulart