“Os EUA nos traíram.” “Joe Biden não é um líder mundial qualificado. Ele agravou nossos pesares.” Estas são palavras de alguns afegãos ao relembrar a vida no último ano, em entrevistas à rede de notícias internacionais norte-americana Grid.
Um ano atrás, as forças dos Estados Unidos que haviam invadido o Afeganistão se retiraram inesperadamente de Cabul, capital do país asiático. O “momento de Cabul” foi considerado sinal do fracasso da agressão norte-americana à nação afegã.
Apesar de ter deixado o Afeganistão, Washington não parou de fazer maldades no território, ao continuar com as sanções econômicas e violações à soberania do país.
Um funcionário do Programa Alimentar Nacional apontou que as medidas econômicas dos EUA intensificaram as crises no local. “Cerca de 98% dos afegãos não têm acesso a alimentos suficientes e aproximadamente metade das crianças de menos de cinco anos enfrentarão a desnutrição”, alertou ele.
Um relatório divulgado recentemente pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários frisou que o povo afegão não conseguirá entrar no modelo de prosperidade, se os sistemas econômicos e bancários não se normalizarem.
O mais assustador é que os EUA congelaram cerca de US$ 7 bilhões de bens do Banco Central do Afeganistão. Perante a pressão internacional, Washington e o governo interino do país concordaram, no final de julho, que as verbas sejam administradas por fundos fiduciários com monitoramento internacional. As duas partes, porém, tiveram grandes divergências em questões como a parte de supervisão. Por isso, ainda não se sabe quando os Estados Unidos vão devolver o dinheiro.
Também no final do mês passado, as forças armadas norte-americanas realizaram operações militares com drones sobre o Afeganistão. A ação despertou manifestações no país asiático. Há comentários dizendo que o ataque norte-americano é uma demonstração da hegemonia e que o governo Biden vai continuar a interferir nos assuntos internos do país.
Conforme os últimos dados da missão de assistência ao Afeganistão da ONU, até 15 de junho, o número de vítimas fatais no país havia sido muito menor do que nos anos de conflitos mais intensos.
Os EUA invadiram o território afegão e não podem escapar de assumir as responsabilidades por seus atos. Washington deve pedir desculpas e promover recompensas suficientes para cobrir os danos. Os Estados Unidos também devem se lembrar das lições desta guerra e conter sua ânsia de “mudar outros países”. Se as forças estadunidenses não pararem de abusar dos meios militares, mais “momentos de Cabul” vão surgir.
Tradução: Paula Chen
Revisão: Patrícia Comunello