“Por que a conexão profunda entre Brasil e China ainda é ignorada?” O especialista em imigração chinesa, Dr. Daniel Bicudo Veras, levantou essa pergunta para chamar atenção ao intercâmbio de longa história entre os dois países e à influência chinesa na configuração cultural brasileira, neste dia especial de 15 de agosto, que marca os 48 anos do estabelecimento das suas relações diplomáticas e o 4º aniversário do Dia Nacional da Imigração Chinesa no Brasil.
Pesquisador do núcleo de Estudos Brasil-China da FGV Direito Rio, Daniel Veras enxergou a urgência de combater o desconhecimento a um país que já é o maior parceiro comercial do Brasil pelos 13 anos consecutivos, isso sem mencionar que a Ásia vem se tornando a região econômica mais aquecida do mundo. Diante dessa tendência, “é necessário que o Brasil avance para superar a superficialidade de negócios e fortalecer mais estudos específicos em torno da China,” destacou o acadêmico brasileiro. Ele citou que pelo menos 50 universidades chinesas abriram cursos de língua portuguesa e visam formar profissionais qualificados para promover entendimento e contatos com o Brasil sem intermediários.
No caso da FGV Direito Rio, o trabalho agora é focado em explorar as relações Brasil-China no setor jurídico e liderar o estudo sobre os interesses e benefícios da iniciativa chinesa Cinturão e Rota para o Brasil. Vendo esse projeto como um epítome das políticas externas do país oriental, Daniel Veras considerou que os eixo da Cinturão e Rota de construir uma rede de infraestrutura, comércio, integração financeira e intercâmbio interpessoal pode corresponder a necessidades de desenvolvimento do Brasil, em particularmente quando se refere a integridade da América do Sul para garantir a todos os países o acesso ao Pacífico.
“A parceria Brasil-China é valiosa para ambos terem um futuro melhor,” destacou o estudioso. A convivência com a China por dez anos deixou ele testemunhar as mudanças impressionantes dessa ascensão e observar de perto o esforço governamental de permitir o acesso do povo às conquistas de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, Veras percebeu que o país milenar possui uma perspectiva tradicional de ver a humanidade como comunidade de destino compartilhado. Ele definiu a China como um líder mundial, mas não hegemônico, porque já viu que o país sempre busca situações de ganho mútuo ao interagir com outros e nunca impõe aos seus parceiros condicionalidades. Para o Brasil, entender a visão da China ajudará a aprofundar essa relação vital. “E tal tarefa cabe a nós e mais estudiosos sobre China aqui,” disse Daniel Veras, almejando as boas expectativas para futura parceria estratégica global Brasil-China.