A tocha olímpica de Beijing foi revezada hoje no topo do monte Qomolangma (monte Everest), o mais alto do mundo, por um grupo de alpinistas chineses. O revezamento do símbolo olímpico no mais alto ponto do Planeta durou apenas cerca de seis minutos, mas o ato teve um significado de grande importância.
A lanterna que continha a chama olímpica de Beijing foi levada ao topo do monte às 9h desta quinta-feira. Norbu Zhambu, um dos alpinistas chineses, acendeu a tocha com um isqueiro especialmente desenhado às 9h11min, e o revezamento sem precedentes terminou às 9h17min.
Depois disso, onze alpinistas chineses fizeram uma curta comemoração no topo do monte de 8.844,43 metros, com a bandeira nacional da China, a bandeira dos Jogos Olímpicos de Beijing e a bandeira olímpica de cinco anéis nas mãos.
"Viva Beijing!", gritou um dos alpinistas. "Bem-vindos a Beijing", acrescentou um outro.
Apesar dos fortes ventos e a baixa temperatura de 30 graus negativos, a tocha olímpica permaneceu acesa e brilhante.
Beijing comprometeu-se a levar a chama olímpica ao mais alto ponto da Terra durante sua candidatura para sediar o maior evento esportivo do mundo.
Para a subida da chama ao topo do monte Qomolangma, os organizadores dos Jogos Olímpicos formaram uma equipe de 36 alpinistas. Nesta terça-feira, 19 alpinistas foram escolhidos às 3h (horário de Beijing) para a subida final, do Acampamento Final, a 8.300 metros acima do nível do mar, até o cume da montanha.
Durante o revezamento no topo do monte Qomolangma, a chama da tocha olímpica de Beijing manteve-se sempre brilhante, apesar das condições climáticas adversas. O feito se deveu ao uso de tecnologias avançadas que a China usou nos foquetes da série Longa Marcha.
"A falta de oxigênio e a baixa temperatura são os principais inimigos para a nossa tentativa de acender a tocha no topo do monte e, por isso, a tocha tem que acender sob tais circunstâncias", explicou Zhang Ming, diretora do Centro de Revezamento da Tocha do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Beijing (COJOB).
Em janeiro de 2006, a Corporação de Ciência e Indústria Aeronáutica da China, um instituto especializado em projetar sistemas de combustão para foguetes, foi incumbida da tarefa de desenhar o sistema de combustão para a tocha olímpica de Beijing.
Liu Xingzhou, o engenheiro-chefe do projeto, disse que o mesmo princípio aplicado para manter os motores de foguetes funcionando com pouco oxigênio foram adotados para manter a tocha acesa no monte Qomolangma.
"Instalamos uma válvula para manter a pressão dentro da tocha, que possibilita que o símbolo olímpico possa resistir a ventos de até 65 quilômetros por hora, seis centímetros de chuva por hora e à temperatura de 40 graus negativos", explicou Liu. Outra mudança é que a chama utiliza somente propano, o que diferencia a tocha olímpica de Beijing das anteriores
A tocha olímpica de Sydney usou uma mistura de propano e butano, enquanto a tocha de Atenas queimou propileno e butano, que produziu um pouco mais de fuligem, mas tornou a chama mais brilhante.
"Nenhum material fica após a combustão, exceto o dióxido de carbono e a água, evitando assim qualquer risco de poluição", acrescentou Liu.
O sistema usado para acender a tocha olímpica foi desenvolvido baseado em um sistema para impulsionar foguetes, de acordo com Liu.
Comparando a moderna tecnologia da tocha olímpica e a de foguetes, Liu disse que "ambas as áreas são complicadas". "Tanto a tocha olímpica como o foguete envolvem muitas coisas, como a tecnologia de combustão, mecânica de fluidos, termodinâmica, aerodinâmica, ciência de materiais e manufatura", explicou.
"Nos sentimos orgulhosos, pois a tocha olímpica de Beijing tem um 'coração' totalmente desenvolvido por cientistas chineses", finalizou o engenheiro-chefe.
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