Bjorn Borg não conseguiu na sua vida particular o mesmo sucesso que obteve nas quadras. Entre conturbados relacionamentos amorosos, brigas judiciais e problemas financeiros, o tenista dividiu por muito tempo sua imagem nos cadernos esportivos e nas colunas policiais. Na categoria "escândalos", já protagonizou desde suspeitas de tentativa de suicídio até acusações de responsabilidade pela falência de uma de suas empresas. Mas, acredite, nenhuma destas situações foram capazes de abalar o prestígio do esportista.
No ano da conquista do pentacampeonato de Wimbledon, em 1980, Borg surpreendeu ao anunciar seu primeiro casamento em pleno auge da carreira profissional. Com uma cerimônia pomposa e badaladíssima na cidade de Budapeste, Romênia, o tenista apresentava oficialmente frente aos flashes e as câmeras de tv a sua esposa, a também tenista Mariana Simionescu. Mas todo o luxo não adiou a chegada do divórcio, anunciado em 1984, um ano após Borg ter declarado o seu afastamento das disputas profissionais.
Neste mesmo ano, ele passou a ser visto em companhia da modelo Jannicke Bjorling, mãe de seu único filho, Robin, e eterna rival nos tribunais. Quatro anos mais tarde, quando estava decidido a abandonar até mesmo as partidas de exibição, começaram os problemas com a separação tumultuada de Jannicke. Foram necessários bons advogados para que Borg pudesse escapar das acusações vingativas da esposa inconformada com a separação. A modelo chegou até a denunciá-lo por uso de cocaína, entre tantas outras tentativas de difamação.
Ao mesmo tempo, o sueco ainda teve que enfrentar a batalha judicial pela guarda de Robin, que só acabaria em 1990, depois que desistiu da tutela. Daí, seguiram pedidos de indenizações milionárias, movidos por um de seus sócios, que acusava Borg por mau gerenciamento das empresas e responsável pelos decretos de falência. Nesta ocasião foi obrigado a desembolsar quase US$ 10 milhões, além da perda de imóveis para o pagamento das dívidas.
Mesmo envolvido em uma problemática crise financeira, Borg surpreendeu pela segunda vez, ao anunciar um segundo casamento, desta vez com a cantora italiana de rock Loredana Berte. Bem diferente da anterior, a união com Loredana (foto ao lado) não se concretizou sob a bênção religiosa e nem teve aquela pompa toda. Aliás, a fama da cantora, cinco anos mais velha que Borg e também divorciada, não era das melhores. No entanto, nada disso chegou a prejudicar a vontade do casal. Em novembro de 1992, o casamento com a pop star chegava ao fim. Sentados frente à frente diante do tribunal, Borg assistiu ao seu terceiro fracasso conjugal.
Ainda em 1989, um incidente mostraria que as coisas não estavam caminhando muito bem. Uma internação repentina por intoxicação, em que Borg quase morreu, levou muitos jornais a associarem o acontecimento a uma tentativa de suicídio. Na verdade, nada ficou provado, mas houve a suspeita de que uma discussão com Loredana teria levado o tenista a ingerir uma dose exagerada de tranquilizantes.
Apesar dos altos e baixos, Borg continua se dando muito bem nos negócios e nas quadras. Dono de sua própria marca "Bjorn Borg" e campeão do Masters de veteranos, as alegações de que as mulheres o teriam levado à falência caem no ridículo. Bjorn pode ter perdido bastante, mas nada que se compare à fortuna do esportista acumulada em incalculáveis bens espalhados pelos Estados Unidos e Europa. .
A sequência de derrotas diante das feras profissionais fizeram do retorno de Borg um episódio desastroso. Foi aí que os torneios de veteranos apareceram na carreira do tenista. Disposto a encarar novamente os circuitos profissionais, ele aproveitou algumas competições de sêniores da temporada de 91 para realizar treinamentos meticulosos de adaptação ao tênis moderno.
O que ninguém jamais imaginou era que Borg pudesse reconquistar o sucesso e a confiança enfrentando muitos dos seus ex-adversários. Em 92, trocou a velha raquete de madeira por uma moderna de grafite e decidiu encarar os torneios da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), onde pouco surpreendeu.
Em Nice, caiu diante do desconhecido francês Olivier Delaitre; em Monte Carlo, perdeu para o sul-africano Wayne Ferreira; e, em Munique, levou uma lavada do croata Goran Prpic, 1/6 e 0/6.
Diante de uma segunda decepção, Borg assumiu oficialmente, em 93, sua entrada no circuito sênior, a única esperança de permanência no esporte mundial. Disputou anualmente o circuito de sêniores e chegou a todos os Masters, torneio que reúne os oito melhores tenistas da temporada. Em 95, chegou a sua primeira final, onde acabou sendo derrotado por Jimmy Connors. No torneio seguinte, foi eliminado nas semifinais pelo campeão Tim Wilkison. Mas como ele mesmo pregava, "a vitória parecia mais próxima do que nunca". E a profecia se fez como previsto. Em março de 99, Borg comemorou com alívio e satisfação o inédito título no Nuveen Master, após ter superado Henri Leconte por 2 sets a 0, parciais de 7/5 e 6/4.
Mas até mesmo o esforço para manter a forma nos veteranos cansou o sueco. Depois de disputar uma exibição contra John McEnroe durante o torneio de Wimbledon de 2000, ele encerrou definitivamente sua carreira.
Raio-X
Nome: Bjorn Rune Borg
Data de nascimento: 06/06/56
Naturalidade: Sodertalje, Suécia
Empunhadura: destro
Peso: 78 kg
Altura: 1,80m
Títulos por temporada
1974: Aberto da França (Paris) e Aberto da Itália (Roma)
1975: Aberto da França (Paris), Barcelona e Boston
1976: Dusseldorf, Wimbledon e Boston
1977: Memphis, Johannesburgo, Nice, Denver, Wimbledon, Madri, Barcelona, Basiléia, Colonia e Londres
1978: Birmingham, Boca Raton, Las Vegas, Milão, Roma, Aberto da França, Wimbledon, Bastad) e Tóquio
1979: Richmond, Boca Raton, Roterdã, Monte Carlo, Las Vegas, Aberto da França, Wimbledon, Bastad e Toronto, Palermo, Tóquio, Montreal, Masters (Nova York)
1980: Boca Raton, WCT Invitational (Salisbury), Nice, Monte Carlo, Las Vegas, Aberto da França, Wimbledon, Estocolmo, Masters (Nova York)
1981: Aberto da França, Stuttgart e Genebra .
(Gazeta Esportiva)
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