Houve no período da dinastia Wei do Sul um letrado chamado Jiang Yan. Durante a juventude, escrevia belos textos em poesia e em prosa, e era respeitosamente tratado por senhor Jiang. A partir de certa altura, porém, nunca mais escreveu uma obra digna do nome que tinha conquistado quando jovem. Passou, então, a dizer-se: O senhor Jiang esgotou o seu talento.
Conta a lenda que, certa noite, Jiang Yan teve um sonho, no qual lhe apareceu um velho, que dizia ser o ilustre letrado Guo Pu e se lhe dirigiu da seguinte forma:
- O meu pincel ficou contigo durante anos, mas chegou agora o momento de mo devolveres.
Jiang Yan assim fez, e a partir desse momento nunca mais escreveu uma obra de qualidade.
É evidente que não foi este o verdadeiro motivo da falta de talento de Jiang Yan nos seus últimos anos de vida. Nascido numa família pobre, perdeu o pai muito cedo. Aos treze anos, vendia lenha para sustentar a mãe viúva. Profundamente dedicado aos estudos, conhecia, além disso, a realidade e as injustiças do mundo, e era por isso que escrevia obras tão boas.
Mas quando se tornou governador e passou a ter uma vida cheia de conforto, afastando-se da vida dos homens comuns, deixou de ter a capacidade de produzir as obras-primas que conseguira escrever até aí.
Desta história nasceu o provérbio O senhor Jiang esgotou o seu talento, para descrever o decréscimo na qualidade da obra literária de alguém que se caracterizara pelo seu grande talento.
|