Ao se falar da arquitetura da China, os jardins chineses merecem ser mencionados.
A China é uma nação com multiplicidade de jardins, com presença de jardins pitorescos em todo o seu solo. Andar por eles é um convite a fruição ao infinito, não apenas pelo cenário que é absorvente, mas antes de tudo, pela particularidade do estilo da arquitetura.
Na cidade de Suzhou, província de Jiangsu, encontram-se dois dos quatro jardins mais famosos de nosso país. Um é o jardim de Liu e o outro o de Zhuozheng. Fica-se profundamente impressionado ao caminhar por eles, por tudo em seu redor, seu desenho, as plantas, as pedras e todas sua paisagem.
O jardim chinês é irregular, assimétrico e misterioso. Não tem um eixo central nem um panorama geral. É um passeio variado, cada vez diferente para o próprio visitante; nunca revela por completo a sua composição e assim conserva o encanto do seu segredo. Ele procura um contato com a natureza, e a combinação de diversos elementos: luzes e sombras, construções e plantas; lagos e pedras. E embora estejam cercados oferecem uma permanente sensação de liberdade.
Os grandes jardins, como por exemplo, o de Zhuozheng, são repletos de galerias, alojamentos, quiosques, mirantes, escadarias, pontes e morros pequenos de rochas ornamentais. Todo encanto reside na troca de paisagem de acordo com as mudanças de estações.
Rochas imponentes formam uma montanha artificial, uma cascata aparece do alto, um pavilhão aparece entre os ramos das árvores nas colinas, tudo isso atrai uma infinidade de olhares.
Flores próximas da água, um quiosque ao pé de uma colina, peixes dourados que aparecem por acaso embaixo do arco de uma ponte, atraem milhares de olhares curiosos. A natureza do jardim e sua extensão determinam para onde dirigir os olhares.
As árvores destacam por sua beleza, por suas formas como elemento de uma composição, não interessando por suas espécies, pois não se trata de um jardim botânico.
O desenho tem regras, mas não fórmulas fixas, sendo semelhantes à composição de um poema, poucos versos podem conter sugestões infinitas e incentivar a imaginação e o ensino. Integra-se o palpável e o impalpável: sombra das nuvens, reflexos da água, murmúrio do vente e das cascatas. A concisão ajuda a esquecer a fadiga, enquanto que a ilusão do espaço dissimula as restrições do terreno e oferece algo a mais para se ver.
Outra técnica é a de apropriar-se da paisagem exterior. As nevadas distantes, as montanhas por perto e as árvores vizinhas podem integrar-se ao jardim de maneira calculada para embelezá-lo. Um exemplo famoso desta técnica é o "Palácio de Verão" de Beijing". As distantes Colinas do Oeste e, sobretudo, a "Colina da Fonte de Jade" com sua torre no cume, parecem formar parte do parque dando uma sensação de amplitude que vem desde fora.
Na China, além dos jardins, os alojamentos constituem um efeito altamente popular à paisagem.
Situados no alto de uma colina, em uma ilha, em um lago, junto a uma lagoa ou um córrego, junto à cabeceira de uma ponte, em um jardim tranqüilo, em um cruzamento de estradas, ao lado de uma avenida, em um templo ou corredor, os alojamentos são um convite ao descanso e a recreação. Segundo os registros históricos, os primeiros alojamentos chineses possuem 1.500 anos de existência.
O telhado do alojamento clássico da China assemelha-se com um guarda-sol cujas arestas rematam uma espinha curvada para cima. Os tetos estão revestidos de telhas esmaltadas de cores brilhantes, e suas colunas de cor rubra, a decoração de suas vigas ou pilastras, o mesmo que suas balaustras e pisos de mármore branco constituem um conjunto muito harmonioso e sumamente atrativo. Nos jardins do sul da China, os alojamentos possuem tetos com declinações de forma escarpada, íngreme, que se curvam de forma pronunciada e são cobertos com telhas azul cinzento: suas colunas e vigas envernizadas com laca produzem um efeito muito vivo e gracioso.
Quanto aos materiais empregados na construção, cabe ressaltar que eram tão variados quanto as formas. Na China há dois alojamentos de bronze: um em Kunming, fundado em 1670 e outro no Palácio de verão de Beijing.
Os alojamentos chineses foram concebidos para cumprir duas missões: servir de lugar de descansos para os viajantes e ser um complemento essencial para dar mais beleza à paisagem. Por isso, a escolha do lugar para os alojamentos desempenha um papel importante. Os jardins imperiais do norte da china se caracterizam por serem espaçosos e de terreno amplo. Por exemplo, no alojamento de Zhichun, situado ao leste do lago de kunming do Palácio de Verão, os vilarejos podem contemplar o panorama grandioso da Colina Wanshou e a pequena ilha. No sul da China, devido ao espaço limitado dos jardins privados, foi utilizada toda classe de métodos de desenhos para se obter uma boa proporção e harmonia.
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