Alívio de pobreza por criação artística
A criação artística e o alívio da pobreza parecem ser duas coisas separadas. Porém, na zona Pingnan da província de Fujian, a arte já se tornou um meio eficaz para ajudar as pessoas a se livrarem da pobreza.
Jornalista: você gosta de pintar?
Entrevistado: sim.
Jornalista: o que gosta de desenhar?
Entrevistado: montanha.
Jornalista: quantos quatros pode produzir em um dia?
Entrevistado: quatro ou cinco no máximo. E às vezes, apenas dois ou três.
O diálogo entre o jornalista e o entrevistado Yang Fawang não foi fluente, porque o jovem é portador de deficiência física e mental. Mesmo não conseguindo expressar bem o que pensa, ele é reconhecido por outras pessoas através das suas pinturas. Junto a ele, muitas pessoas com condições economicamente difíceis pegam o pincel e criam sua própria felicidade.
Na vila Shuangxi da comarca de Pingnan da província de Fujian, situa-se a cidade artística Antai. A arquitetura de 15 mil metros quadrados abriga uma galeria de mil metros quadrados, e um centro de educação artística de dois mil metros quadrados. Acrescentam-se a estes ainda 42 espaços artísticos independentes e 40 hotéis, o que faz do local uma base industrial para a criação artística. O responsável pelo projeto de alívio da pobreza por meio da criação artística, Zhang Zhengrong, apresentou a cidade artística Antai.
“Criado em 20 de outubro de 2015, o Centro de Educação Artística Antai é uma entidade não lucrativa. O local atrai pessoas de todo o país, incluindo Hong Kong, Macau e Taiwan. Através da nossa educação artística, as pessoas que não sabem nada de desenho podem aprendê-lo num período curto. Tanto as aulas como os materiais de pintura são gratuitos. O custo será reembolsado com a venda das obras dos estudantes.”
Como transformar as obras artísticas em valor de mercado é também um desafio enfrentado pelo Centro de Educação Artística Antai. O responsável pelo ensino, Lin Zhenglu, disse que eles encorajam os artistas agricultores a criarem perfis nas redes sociais.
“Ensinamos os estudantes a divulgarem suas obras nas redes sociais, como o Wechat. Com isso, a gente consegue estabelecer a plataforma de negócios.”
A existência do Centro de Educação Artística Antai possui um significado importante não apenas para o projeto de erradicação da pobreza, como também para o turismo da região. Yang Shuqing, executivo de Taiwan, é uma das muitas pessoas que vêm para o local estudar a pintura.
“Trabalhei no e-commerce em Taiwan. Pedi à empresa um longo período de férias sem remuneração. Um amigo meu, ao saber que eu queria aprender a desenhar, me recomendou o local. E assim vim para cá. Acho que é uma boa maneira de me recuperar da pressão. Agora, desenhar é uma coisa fácil para mim.”
A arte faz também as pessoas se auto-conhecerem. Shen Minghui é portador de nanismo. Sem confiança, ele ganhou a vida vendendo balões na praça da vila. Foi a arte que ajudou o homem a ter uma vida com dignidade.
“A sensação é completamente diferente. Agora, tenho o respeito dos outros. No passado, as pessoas achavam que eu precisava de ajuda, e hoje, elas me procuram para se comunicarem comigo, trocando ideias. É definitivamente diferente.”
Shen Minghui disse que ele gosta mais de desenhar a “árvore da vida”. Apesar de não ter finanças suficientes, ele insistiu em guardar a maioria das obras, ao invés de vendê-las. A pintura lhe traz interesses materiais, e mais do que isso, a dignidade, entendeu o homem. Ele espera que um dia possa realizar uma exposição própria, para mostrar às pessoas o mundo dos seus sonhos.