A velhice e o jacaré
Na zona de proteção de Jacarés da reserva nacional do rio Yangzté, na província de Anhui, estão espalhados vários pontos de proteção ao animal selvagem. Devido à falta de pessoal, quem cuida dos animais são os habitantes locais. A vovó She Shizhen, de 79 anos, é uma das cuidadoras. Ela já acompanha os jacarés há mais de 30 anos.
Os sons são do jacaré do rio Yangzté, que nem sempre é possível ouvir. Com uma história de mais de 200 milhões de anos, o animal, ao lado do panda, é considerado um “fóssil vivo”, e é classificado como espécie rara da China. No passado, o jacaré do rio Yangzté era amplamente encontrado no curso médio e inferior do rio, e hoje, o total da população não passa de 150.
Na vila Zhang da cidade de Xuancheng, na província de Anhui, os habitantes já estão acostumados aos sons do animal, que deixam seus rastros nas ilhotas do tanque e nos arbustos. A casa de She Shizhen e de seus quatros filhos fica perto do tanque.
“Em 1982, o meu caçula encontrou alguns ovos enquanto tomava banho no lago. Ele voltou para casa contando que tinha achado ovos de cobra. O pai pegou o ovo, e disse: 'opa, isso não é ovo de cobra, mas de dragão terrestre. É o animal de proteção nacional da primeira escala'. Começamos a protegê-lo a partir de 1982 até hoje.”
Dragão terrestre é um dos apelidos dado ao jacaré do rio Yangzté pelos habitantes locais. Os funcionários do departamento silvestre confirmaram os ovos, e definiram o local como um dos pontos de proteção do jacaré do rio Yangzté.
No período de procriação do jacaré, She Shizhen derrama água nas ervas ao redor do covil do jacaré para manter a umidade, ajudando a incubação do animal. Quando os bebês nascem, ela estabelece redes de arame para protegê-los, e persuadir os pescadores a saírem do local. Em um caderno espesso, a idosa anota detalhadamente os movimentos do jacaré, a temperatura e a direção do vento. Em 2004, o marido de She Shizhen faleceu. A vovó assumiu todo o trabalho de proteção, tratando o jacaré como o próprio filho.
“Cada animal no mundo tem suas próprias características. A Terra precisa do jacaré, tal como precisa da vida humana. O jacaré do Rio Yangzté não devora pessoas como outros tipos do animal, e não representa riscos para os seres humanos. A população deste jacaré é tão pequena, assim como a taxa de sobrevivência. A gente se sente mal se não cuida dele.”
She Shizhen disse que o jacaré bota ovos anualmente por volta do dia 15 de julho. Uma fêmea põe mais de 50 ovos de cada vez. Mas só uns dez podem sobreviver. Com o cuidado de She Shizhen, atualmente, cerca de 20 jacarés selvagens vivem na área de proteção.
Nos olhos de She Shizhen, os dragões terrestres, apesar de serem feios, têm um caráter terno. Eles não atrapalham a vida dos habitantes, e convivem com eles harmoniosamente. Agora, She Shenzhen espera que o filho mais velho possa herdar esta missão de proteger o jacaré.
“O meu filho mais velho já tem 60 anos. Sempre digo para ele que agora sou eu que lhe ensina a fazer isso, e no futuro, tem que passar o trabalho para seu filho. A proteção do jacaré não pode parar.”
Com mais de 30 anos de esforços conjuntos da sociedade civil e do governo chinês, cerca de 15 mil jacarés vivem agora na zona de reserva natural de 19 mil hectares da província de Anhui.