Comentário: racismo acelera divisão da sociedade estadunidense
“A democracia estadunidense não é adequada a negros”, disse o ex-basquetebolista afro-americano e um dos maiores da história dos EUA, Kareem Abdul-Jabbar. Ele revelou o mal crônico que prejudica as minorias étnicas dos EUA por 400 anos além da hipocrisia da democracia estadunidense em que “todos são iguais”.
A invasão ao Capitólio ocorrida recentemente em Washington explicitou ainda mais as palavras do ex-jogador de basquete. Desde a permissão da entrada de manifestantes na sede do congresso, as selfies carinhosas entre policiais e protestantes, até a ausência de guarda durante a manifestação fora do Memorial do Lincoln, podemos ver a atitude da polícia estadunidense com manifestantes brancos, o que contradiz com a violência usada durante protestos contra o racismo de junho passado.
A discriminação entre brancos e negros por parte dos policiais está enraizada no racismo e na supremacia branca existente há muito tempo nos EUA, apontou a CNN, rede estadunidense de notícias a cabo.
A taxa de morte de afro-americanos por Covid-19 foi 2,8 vezes mais alta que a de brancos, de acordo com estatísticas mais recentes divulgadas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. “Se eu fosse branca, não precisaria suportar tudo isso”, disse Susan Moore, médica afro-americana antes de morrer de Covid-19 por tratamento racista no hospital indiano.
Os afro-americanos representam entre 12% e 13% da população estadunidense, mas a taxa de vítimas corresponde a 40% nos casos de tiroteios policiais, apontou o advogado Brian Dunn.
Em 2016, o número de morte por atos extremistas com motivo racista representou 20% do total de mortes relacionados com terrorismo nos EUA. Em 2018, a cifra subiu para 98%.
Além disso, as minorias sofrem com a discriminação invisível em termos de empregabilidade, salário e empréstimo. De 2010 para 2018, a mediana salarial semanal de trabalhadores afro-americanos estava 30% mais baixa que a de brancos. Tudo isso prova o julgamento de Thomas Sowell no seu livro “Ethnic America: a history”, “a cor da pele tem um papel significativo no destino dos estadunidenses.”
São muitos os instrumentos usados pelo governo dos EUA para proteger os direitos de pessoas que não são brancas, como a Lei de Direito Civil, a Lei de Direito Eleitoral e a Ação Afirmativa. Porém essas ferramentas superficiais permitem que o racismo cause uma profunda divisão social.
Os dois partidos estadunidenses nunca estão empenhados sinceramente em lidar com o racismo. Todas as vezes que explodem conflitos racistas, eles acalmam a população com expressões vazias, mas politicamente corretas com a intenção de esconder a crise interna sob o sistema democrático.
Com políticos que se recusam em refletir sobre fatores históricos, desigualdade socioeconômica e a estrutura política por trás do racismo, o mal acompanhará o desenvolvimento e tornará uma dor permanente da sociedade estadunidense. A chamada “democracia” é apenas um jogo político desfrutado por “poucos”.
Tradução: Zhu Jing
Revisão: Diego Goulart