Visita ao Instituto de Virologia de Wuhan

Published: 2020-08-12 15:52:48
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O Instituto de Virologia de Wuhan é parecido com um campus universitário, seus edifícios de tijolos vermelhos são distintos de seus arredores movimentados, separados apenas por uma longa e imponente entrada de automóveis alinhada com câmeras e seguranças. O laboratório BSL-4 - o primeiro na China a receber o mais alto nível de certificado de biossegurança- fica dentro do instituto.

Na sexta-feira passada, a NBC News foi a primeira organização de notícias estrangeira a ter acesso ao laboratório chinês desde o início do surto, reunindo-se com cientistas que trabalham para identificar a origem do vírus. O Instituto de Virologia de Wuhan e seus cientistas se tornaram o foco de uma intensa especulação e teorias da conspiração - algumas procedentes da Casa Branca.

Durante a visita de cerca de cinco horas, que incluiu um tour pelo laboratório BSL-4, onde técnicos vestidos com roupas de proteção semelhantes a bolhas manuseavam pequenos frascos e outros equipamentos, dentro de um espaço fechado por uma parede de vidro grosso. Wang Yanyi, diretora do Instituto de Virologia de Wuhan, disse que ela e seus colegas se sentiram injustamente acusados. “É triste que tenhamos sido alvos, como bode expiatório, da origem do vírus”, disse ela. "Qualquer pessoa se sentiria inevitavelmente muito zangada ou incompreendida por estar sujeita a acusações injustificadas ou maliciosas enquanto realiza pesquisas e trabalhos relacionados na luta contra o vírus."

O instituto de Wuhan está equipado para estudar os agentes infecciosos e toxinas de maior risco do mundo. Razão pela qual, está envolvido em acusações de que tinha algo a ver com o surto.

A Casa Branca não mostrou nenhuma prova confiável para apoiar as afirmações de que o novo coronavírus foi fabricado ou vazou acidentalmente do laboratório, e nem tem quaisquer outras fontes. Mas Trump continua a alimentar a autoria, muitas vezes por meio de retórica racista, referindo-se regularmente ao patógeno como o "vírus da China", o "vírus de Wuhan" ou "gripe kungfu".

Durante longas entrevistas, Wang Yanyi e Yuan Zhiming, vice-diretor do instituto, negaram veementemente que o vírus pudesse ter se originado no instituto.

"Tenho enfatizado repetidamente que foi em 30 de dezembro que tivemos contato com as amostras de pneumonia semelhante à SARS ou de causa desconhecida enviadas do hospital", disse Yuan. "Não tínhamos encontrado o novo coronavírus antes disso e, sem esse vírus, não há como vazar do laboratório."

Wang disse que nenhum dos cientistas do instituto contraiu o vírus, o que torna extremamente improvável que o patógeno pudesse ter escapado da instalação.

Peter Daszak, presidente da EcoHealth Alliance, uma organização sem fins lucrativos com sede em Nova York dedicada a estudar e prevenir pandemias, trabalhou com o Instituto de Wuhan por 16 anos até o governo dos EUA cortar o financiamento este ano. Ele também rejeitou a ideia de que o vírus pudesse ter vazado do laboratório. "O fato deles publicarem a sequência tão rapidamente me sugere que não estavam tentando encobrir nada", disse ele. Não há "absolutamente nenhuma evidência de que escapou de um laboratório", acrescentou.

Em maio, o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, disse à National Geographic que descartou a ideia de que o vírus tenha escapado acidentalmente de um laboratório.

A OMS sustentou que o coronavírus provavelmente estava hospedado em animais. E os autores de um estudo publicado em março na revista Nature afirmaram que é "improvável" que o patógeno tenha surgido como resultado de manipulações em laboratório de um coronavírus relacionado. Cerca de um mês antes do lançamento desse artigo, 27 cientistas de saúde pública de nove países assinaram uma declaração na revista médica The Lancet apoiando seus colegas na China e lutando contra a informação errada em torno da pandemia.

“Não queremos ver a tensão entre a China e os EUA, porque não é boa para o desenvolvimento científico, o progresso e a estabilidade do mundo”, disse Yuan.

“Aprendemos muito com os cientistas americanos em termos de tecnologia científica, espírito e experiência relevante”, explicou.Yuan acrescentou que, durante esta pandemia, ainda é preciso acreditar na ciência, respeitar a ciência e confiar nos cientistas.

Janis Mackey Frayer e Denise Chow, reportagem para a NBC News.

Tradução: Zhu Jing

Revisão: Diego Goulart

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