Brasileiros repatriados que estudaram em Wuhan enviam carta ao Embaixador da China

Fonte: CRI Published: 2020-04-15 10:41:13
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Nove estudantes brasileiros que estudaram em universidades na cidade de Wuhan (já repatriados pelo governo brasileiro após surgimento do COVID-19) enviaram no dia 9 uma carta ao Embaixador da China no país, Yang Wanming.

Na carta, eles parabenizaram o Embaixador pela reabertura de Wuhan e agradeceram o apoio fornecido pela parte chinesa no início do surto. Neste momento, os nove estudantes frequentam as aulas online e esperam voltar a Wuhan para darem continuidade a seus estudos.

Os alunos afirmaram que repudiam as palavras racistas e xenófobas de alguns indivíduos no Brasil, acreditando que essas práticas hostis não vão durar. Para eles, a amizade sino-brasileira liderará os dois povos para superarem juntos as dificuldades. Segue texto completo:


Carta à Embaixada da China no Brasil

São Paulo, 09 de abril de 2020.


Ao Excelentíssimo Senhor Embaixador da China no Brasil, Yang Wanming,


É com respeito que, no dia de hoje, vimos por meio desta carta apresentar nosso agradecimento ao povo chinês e nossa alegria por Wuhan estar se restabelecendo e voltando à normalidade. Somos brasileiros estudantes de mestrado, doutorado, e estudos de língua e cultura chinesas vinculados a universidades de Wuhan, repatriados pelo governo brasileiro, a nosso pedido, em fevereiro de 2020. Residimos em Wuhan e estávamos na cidade quando o surgimento do novo coronavírus levou ao prudente fechamento da cidade.

Em fevereiro deste ano, quando diversos outros países procediam com a repatriação de seus cidadãos residentes em Wuhan, optamos por solicitar o apoio do governo brasileiro para viabilizar nosso retorno ao Brasil. Entendíamos que, naquele momento, era fundamental estarmos próximos de nossas famílias, que estavam aflitas. Mas o retorno ao nosso país também nos pareceu ser a melhor forma de contribuirmos com a China, diminuindo as chances de que, caso adoecêssemos, viéssemos a onerar o Estado chinês. Nunca, contudo, deixamos de acreditar na capacidade da China em encontrar as saídas adequadas para o controle da epidemia. Alegra-nos, hoje, saber que Wuhan está sendo reaberta e que, por vários dias, não tenha sido registrado nenhum caso novo de contaminação comunitária na cidade. Ficamos felizes por nossos amigos chineses que, como nós, entraram em quarentena no dia 23 de janeiro, num gesto de compromisso coletivo com a saúde pública e o bem de todos.

Nesse sentido, gostaríamos de agradecer à China pela acolhida, amparo e orientação que nos foram dados, antes e durante o período de isolamento social que vivemos em Wuhan. Nas universidades, o apoio recebido se manifestou das mais diversas formas: pelo acompanhamento remoto e diário de nosso estado de saúde por nossos professores; a disponibilização de máscaras e termômetros para nosso uso; a disponibilização dos hospitais universitários para caso viessem a ser necessários; a doação de alimentos quando não podíamos sair de casa para comprá-los nos mercados; o apoio com trâmites relativos a vistos, entre outros. Algumas dessas medidas eram prestadas, inclusive, pelas diretorias das faculdades e reitorias universitárias, numa demonstração clara de cuidado e acolhimento institucional.

Queremos dizer também que repudiamos o racismo, a xenofobia e quaisquer outras formas de preconceito ou desrespeito. Lamentamos as ocorrências desse tipo de manifestação em nosso país. Nossa postura, nessas ocorrências, é a de oferecer esclarecimento e informação para que essas práticas não se perpetuem. Acreditamos, porém, que os laços de amizade que unem nossos povos são mais antigos e mais fortes do que esses tristes incidentes momentâneos.

Enquanto seguimos no Brasil, continuamos nossos estudos em plataformas online, em diária articulação com nossos professores chineses, e também acompanhamos de perto as notícias não apenas da cidade, mas de todos os nossos amigos chineses, brasileiros e de outras nacionalidades, que em Wuhan permanecem. Torcemos pela completa normalização da situação e esperamos que a experiência chinesa de superação da pandemia possa ajudar nosso país e o mundo a superar esse momento crítico da história da humanidade. Pretendemos voltar à China para darmos continuidade a nossos projetos, pautados na colaboração e no intercâmbio de cultura e conhecimento. No entanto, responsáveis, apenas desejamos fazê-lo quando estivermos certos de que as circunstâncias sejam favoráveis e que não apresentamos ameaça à estabilidade da saúde pública da China.

Amigos de longe, é uma alegria tê-los em nossas vidas e vê-los fortalecidos, após esse período difícil do qual compartilhamos. Como nos ensina Confúcio, é nos momentos de dificuldade que conhecemos a qualidade de nossas amizades. À Embaixada da China no Brasil, ao povo chinês, recebam nossas sinceras lembranças, na esperança de um breve reencontro.

Brasileiros estudantes em Wuhan, repatriados ao Brasil em fevereiro de 2020.

Alefy Medeiros Rodrigues, Cláudia Pehrsson Tambasco, Cleiton Calebe da Silva Guerra, Heros Fernandes Martines Paulo, Higor Rafael de Souza Carvalho, Igor Último, Indira Santos, Lizia Gabriela Nina, Vitor Campos Moura Neves e Siqueira.


Tradução: Joaquina Hou

Revisão: Erasto Santos Cruz

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