Especialista da Universidade Cambridge diz que não há evidência de que novo coronavírus originou-se em Wuhan
O Anais da Academia Nacional de Ciências dos EUA (PNAS, sigla em inglês), renomada revista acadêmica internacional, publicou no dia 8 de abril uma tese intitulada “Phylogenetic network analysis of SARS-CoV-2 genomes”, elaborada conjuntamente pelas equipes da Alemanha e Reino Unido, tendo o doutor Peter Forster, da Universidade Cambridge, como o primeiro autor desta obra. O pesquisador concedeu recentemente uma entrevista à CGTN (China Global Television Network) via ligação em vídeo.
De acordo com o especialista, o objetivo da pesquisa é definir “o tipo do vírus original”. Como ele já teve várias mutações rápidas, é muito difícil rastrear a árvore genealógica do COVID-19. Por isso, os pesquisadores utilizaram o algoritmo de rede matemática, que foi usado pela primeira vez no rastreamento das vias de infecção do novo coronavírus.
Os pesquisadores analisaram os dados dos 160 genomas do novo coronavírus, coletados entre 24 de dezembro de 2019 e 4 de março de 2020 no mundo inteiro, descobriram três principais mutações de SARS-Cov-2 e as nomearam como tipos A, B e C, de acordo com alterações de aminoácidos.
O vírus tipo A, mais parecido com o novo coronavírus detectado no morcego e pangolim, é o tipo original. O tipo B é derivado do tipo A, e o tipo C é derivado do tipo B. Os tipos A e C são encontrados principalmente entre europeus e estadunidenses, enquanto o tipo B é mais comum no Leste da Ásia.
O doutor Peter Forster explicou que o vírus tipo B foi descoberto primeiramente na evolução da epidemia em Wuhan, fazendo com que os pesquisadores considerassem por engano esse vírus como o original. Na verdade, o vírus tipo A é o original, e havia apenas alguns em Wuhan. O vírus tipo B se tornou a principal fonte de contaminação em Wuhan, e derivou mais tarde o tipo C.
Os infectados do vírus tipo A concentram-se principalmente nos EUA e na Austrália e dois terços dos pacientes nos EUA são infectados pelo vírus tipo A. Entretanto em Wuhan, poucos pacientes foram contaminados pelo vírus tipo A, mesmo que esse vírus tenha sido descoberto em Wuhan. O estudo ainda indica que alguns estadunidenses que moravam em Wuhan foram descobertos com o genoma do novo coronavírus tipo A. O vírus tipo B principalmente é encontrado na China e no Leste da Ásia, e o tipo C, principalmente na Europa, EUA e Brasil.
Segundo o doutor Peter Forster, o primeiro caso de infecção do novo coronavírus foi possivelmente transmitido de morcego para seres humanos, entre 13 de setembro e 7 de dezembro de 2019. Por isso, os dados de genoma do vírus, coletado em 24 de dezembro de 2019 em Wuhan, não podem indicar a origem da doença.
Tradução: Xia Ren
Revisão: Diego Goulart