Especialistas brasileiros reafirmam relevância do Brics
O evento Brics 2022: visão brasileira, prioridades da presidência chinesa, realizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) para discutir o documento Perspectivas Brasileiras para o Brics - 2022 foi realizado na manhã desta segunda-feira, 13 de junho, e reafirmou a importância e a relevância do grupo. O Brics, que chega à sua 14ª Cúpula neste mês, reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Neste ano, a presidência é da China, e a cúpula será realizada de forma virtual.
Para o encarregado de Negócios da Embaixada da China no Brasil, Jin Hongjun, o projeto trouxe ideias inovadoras que são caminho para uma cooperação mais profunda entre os países, gerando mais debates e reflexões para agregar novos conhecimentos. Também participaram do evento o ex-embaixador do Brasil na China Marcos Caramuru, a coordenadora-geral de Mecanismos Inter-regionais e Sub Sherpa do Brasil para Brics e Ibas, Ana Maria Bierrenbach, o diretor-geral do Escritório do InvestSP na China, José Mário Antunes, e a sócia da Vallya e diretora-executiva da Vally Agro, Larissa Wachholz.
Jin Hongjun destacou que a China organizou mais de 50 eventos e reuniões durante a a presidência deste ano, em áreas como economia, finanças, comércio, desenvolvimento sustentável e saúde pública. Segundo o diplomata, o mundo enfrenta hoje fatores complexos e antiglobalização, e os esforços do Brics traz novas possibilidades de desenvolvimento. Segundo ele, mesmo ainda jovem, o grupo traz contribuições importantes para a democratização do sistema internacional.
O projeto “Perspectivas Brasileiras para o Brics – 2022”, desenvolvido pelo Cebri a convite da Embaixada da China no Brasil, mapeou tendências e definiu estratégias e proposições para aprimorar a atuação conjunta e a inserção internacional do grupo. Ele reuniu cerca de 30 especialistas brasileiros de alto nível em diversas áreas (academia, sociedade civil, setor privado e setor público) em três reuniões fechadas, nos dias 18 e 22 de fevereiro e 23 de março de 2022. A coordenação-geral foi do ex-embaixador Marcos Caramuru, com desenvolvimento dos Senior Fellows Tatiana Rosito e José Mario Antunes, com apoio da equipe do Núcleo Ásia.
Segundo Ana Maria Bierrenbach, há benefícios efetivos em construção ou já em operação no Brics, entre os quais ela cita o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), cuja sede é em Shanghai, o Centro para Pesquisa e Produção de Vacinas, anunciado neste ano, e o acordo para facilitação de novas adesões, um pleito chinês para o ingresso de mais países no Brics e que deve ser assinado na cúpula deste ano. Segundo ela, a declaração conjunta ao final do evento deverá trazer indicações para o fortalecimento de melhorias institucionais intra-bloco e caminhos para a ampliação do mesmo.
Entre as sugestões dos especialistas, está a formalização de um repositório com informações sobre o Brics, como um website com um apanhado de documentos e de decisões desde a primeira cúpula, a assinatura de acordos para proteger investimentos, reduzir o risco cambial e ampliar a cooperação com instituições financeiras e investidores, além de financiamento em moeda local, entre outros. A identificação de oportunidades de cooperação em inovação, comércio e biotecnologia, além de transição energética e digital também foram citadas em destaque.
O encarregado de Negócios da Embaixada da China no Brasil disse que o estudo gerará três webinários em economia digital, desenvolvimento verde e em governança global.
Autor: Janaína Camara da Silveira, jornalista e mestre em Economia, à frente do projeto Radar China (plataforma de análise das relações sino-brasileiras)