Solidariedade da China, expressa na Cúpula Extraordinária China-África, trouxe esperança
Especialistas e profissionais da saúde consideram o apoio da China a Moçambique, e outros países do continente africano, na luta contra o Covid-19, um ato que tirou o país de um cenário de “incerteza para esperança”.
O posicionamento é feito um ano depois da realização da Cúpula Extraordinária China-África sobre a Solidariedade contra o Covid-19, em um cenário em que o número de mortes pelo novo coronavírus em Moçambique tem sido decrescente.
Desde o início da pandemia, a China tem doado a Moçambique e vários países africanos equipamentos de prevenção contra o Covid-19, assim como vacinas.
O diretor do Hospital Central de Maputo, a maior unidade sanitária de Moçambique, Mouzinho Saide, disse que, com o surgimento da pandemia de Covid-19, a instituição teve a oportunidade de beneficiar-se de uma formação através de telemedicina diretamente do Hospital Oeste da China.
“Houve formação de mais de 300 trabalhadores em matéria de Covid-19, do diagnóstico ao tratamento, com a participação de vários técnicos.”
Mouzinho Saide
O dirigente elogiou o apoio da China, considerando-o de maior importância nesta fase de combate ao Covid-19.
“A colaboração com a China tem sido muito profícua e proveitosa porquanto atua nas diversas áreas”, disse.
No âmbito do combate ao Covid-19, ele disse que, recentemente, com o fornecimento de vacinas ao Ministério da Saúde (MISAU) mais de 85% dos trabalhadores do HCM foram vacinados contra o Covid-19.
“São vários ângulos de intervenção com a República Popular da China”, elogiou.
Segundo Saide, o apoio do país asiático tem sido igualmente expresso através da formação e capacitação dos profissionais da saúde nos países africanos, como forma de garantir uma maior liberdade destas nações.
O diretor acrescentou ainda que a República Popular da China tem dado apoio em consumíveis, formação e apoio técnico em diversas áreas.
“O Hospital Central de Maputo já enviou para China pessoal para cursos de pequena duração, e esse pessoal teve a oportunidade de ter formação especializada na área de oncologia”, sublinhou.
“O apoio da China deixou-nos mais seguros no exercício da nossa profissão”, conta enfermeira.
Helena Chissaque
Helena Chissaque, 32 anos, enfermeira há 12 anos, foi uma das primeiras beneficiadas pelo apoio trazido a Moçambique pela China.
Logo que o país africano detetou o primeiro caso de Covid-19, ela foi indicada para o centro de trânsito da maior unidade sanitária de Moçambique.
No seu percurso profissional, Helena nunca assistiu a uma doença idêntica. Por isso, o medo e a insegurança sempre tomaram conta dela, enquanto trabalhava.
“Sempre me senti insegura. E isso não era apenas um sentimento meu. Era generalizado”, conta.
O medo de se contaminar e contagiar os outros a perseguiam, mas depois da manifestação da solidariedade da China para com Moçambique ela conta que este medo desapareceu.
“Existem tantos outros meios, conhecidos por todos, que ajudam na prevenção contra o Covid-19, mas tenho que dizer que ficamos e sentimo-nos mais seguros logo depois que tomamos a vacina”, disse.
A enfermeira conta que, embora em sua formação ter sido ensinada sobre como lidar com estes cenários, sentia-se insegura.
“Mudou alguma coisa no combate contra o Covid-19”, avança vice-diretora de saúde pública.
Benigna Matsinhe
Por seu turno, a diretora adjunta de saúde pública, Benigna Matsinhe, disse que as primeiras vacinas que Moçambique recebeu foram da China.
“Chegaram numa fase de alguma incerteza e foram essas que usamos para vacinar os profissionais de saúde que se encontram na linha da frente”, referiu.
De acordo com Matsinhe, as primeiras vacinas recebidas em Moçambique foram doadas pela China.
“Na semana passada recebemos mais 60 mil vacinas da China e que no geral contabilizam 260 mil vacinas doadas por aquele país e são essas vacinas que usamos para, por exemplo, vacinar os profissionais de saúde”, sublinhou.
Graças ao apoio da China, acrescentou, “conseguimos alcançar os grupos prioritários, como funcionários públicos, da saúde e militares.”
Apesar de tudo, a dirigente disse que a prevenção da doença só vai ser possível quando houver uma cobertura total, o que ainda não é o caso.
“Conseguimos fazer a cobertura de 1% da população”, disse.
A Cúpula Extraordinária China-África sobre a Solidariedade contra o Covid-19 contou com a participação de vários países africanos, representados ao mais alto nível pelos seus presidentes.
A China está fornecendo assistência médica a mais de 50 países africanos. Além disso, o país asiático planeja suspender o pagamento de dívidas para os países em desenvolvimento. Concretamente, desde o inicio da pandemia a China doou pelo menos 5 milhões de vacinas aos países africanos.
Na África, de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças da África (África CDC, em inglês), uma agência de saúde especializada da União Africana, pelo menos 5.234.387 de casos de Covid-19 foram registrados até o dia 21.
Autor: Hilário Taimo
Autor: Hilário Taimo, jornalista correspondente de Moçambique