Comentário: Estação espacial chinesa acaba de dar maior passo com Shenzhou-12

Published: 2021-06-18 15:09:34
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Com mais uma tacada de mestre, a China acabou de mostrar para o resto do mundo que conseguiu concluir uma nova etapa do seu programa espacial ao enviar a primeira tripulação da estação espacial Tiangong, ou melhor, do “Palácio Celestial”. Através de um planejamento impecável, a data planejada foi cumprida e, graças a esse feito, a missão marca o retorno de astronautas chineses ao espaço em quase cinco anos. O voo espacial tripulado não apenas estabelece o sucesso de uma nova etapa, ele representa a conclusão da última fase do programa que coloca o nosso maior parceiro comercial como uma potência espacial proeminente e que desenvolverá projetos de pesquisa e tecnologia que vão beneficiar a população do planeta como um todo. O local de lançamento foi em uma base no deserto de Gobi e o foguete transportou três astronautas, com prévia experiencia militar e espacial. A viagem até a estação durou cerca de 6 horas e meia e o acoplamento com o módulo espacial aconteceu às 15 horas e 54 minutos no horário da China. É interessante lembrar que a data deste incrível feito é bem próxima à da comemoração dos cem anos da fundação do Partido Comunista da China. O que representa uma grande conquista obtida em uma ocasião muita especial e deverá ser mais do que celebrada pelo povo chinês.

A missão tripulada Shenzhou 12, também conhecida por “Embarcação Divina”, possui alguns objetivos principais que servirão para estabelecer uma base sólida de pesquisa e desenvolvimento na estação espacial, além de acumular experiências únicas e valiosas para o dragão asiático. Assim, o primeiro grande objetivo dos astronautas será colocar em operação o módulo Tianhe-1 que é o módulo central da estação espacial, que até mesmo inclui uma sala de convivência. Além disso, o ambicioso projeto não visa apenas aprimorar constantemente o desempenho e o avanço da tecnologia de transporte tripulado da Terra para a espaço, já que o atual foguete conta com diversas melhorias em sua confiabilidade e segurança quando comparado aos anteriores. Ele também visa aumentar o tempo e a qualidade de vida dos tripulantes no espaço, garantindo a permanência dos astronautas por longos períodos de tempo, mesmo que em uma fase inicial seja através de um rodízio de apenas três meses.

Porém, cabe destacar que essa conquista não foi simples. Levaram-se muito anos para que todos os obstáculos fossem vencidos e diversas tecnologias tiveram que ser desenvolvidas para permitir esse feito extraordinário. O começo de tudo remonta a registros milenares, representados na lenda da deusa Chang’e e na sua ambição de ir ao espaço que tanto ajudou a nutrir os sonhos dos chineses de voar para além da superfície terrestre. Seja graças a um estímulo cultural, ou não, o primeiro satélite chinês foi lançado em abril de 1970, chamado de “Dongfanghong-1”, e serviu para os testes de futuros satélites que viriam a ser lançados. Anos mais tarde, em outubro de 2003, a China lançou sua primeira missão tripulada, a Shenzhou-5, que foi uma viagem na órbita da Terra e tornou a China a terceira nação a colocar um ser humano no espaço por conta própria, após uma viagem de mais de vinte e uma horas. Já em janeiro de 2019, o módulo explorador “Chang’e-4” fez uma aterrisagem histórica no lado escuro da Lua, algo que poucas nações conseguiram fazer até hoje. Ainda este ano, em maio de 2021, o robô chinês “Tianwen-1” pousou em Marte para estudar as características da topografia e geologia do planeta, além de investigar a composição de sua superfície, clima e atmosfera.

Nesse contexto, considerando apenas o ano de 2020, a China obteve sucesso no lançamento de 35 foguetes que transportaram diversos satélites, uma sonda para Marte e uma para a Lua, que inclusive trouxe amostras de solo lunar. Na metade 2021, já realizou mais de dez missões bem-sucedidas e planeja ultrapassar a marca de quarenta lançamentos, além dos diversos módulos que comporão a base espacial, com laboratórios de ciência, áreas comuns, módulo de carga robótico e três novos astronautas recém-chegados, sendo necessário no total 11 missões para finalizar a construção da estação até 2022. Nesse mesmo momento histórico, o Brasil ainda engatinha no desenvolvimento tecnológico e nos meios eficazes de ciência e educação, um momento que deveríamos reconhecer a importância estratégica nas parcerias com agentes globais que contribuem cada vez mais para a humanidade, como a China.

Autor: Raphael Panizzi - Engenheiro e Consultor de Soluções Tecnológicas

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