Expo de Produtos de Consumo em Hainan mostra vigor da economia chinesa

Published: 2021-05-13 11:07:26
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Por Janaína Camara da Silveira*

A cidade de Haikou, capital da província insular de Hainan, foi sede de 7 a 10 de maio da primeira Exposição de Produtos de Consumo da China, evento que apresentou a cerca de 240 mil visitantes 2.600 marcas de 70 países e regiões. No total, foram 1.505 empresas participantes. Na mostra, estavam diversos produtos de luxo, além de criações artesanais e tradicionais chinesas. Um evento voltado a iates e lanchas ocorreu em paralelo, já que Haikou é um famoso destino de praia na China.

A exposição, logo após os dias de feriado pelo Dia do Trabalho, celebrado em 1º de maio, revela também o fôlego da economia chinesa, cuja recuperação segue positiva após a crise provocada pelo novo coronavírus no país - e que continua a pressionar economias ao redor do mundo. A China encerrou 2020 com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,3%. Foi o único país entre as grandes economias a não registrar retração no ano passado.

A escolha da sede, Haikou, não foi por acaso. Hainan como um todo foi indicada pelo governo central chinês em junho do ano passado para ser um porto de livre comércio globalmente influente e de alto nível até meados deste século.

O porto de livre comércio é também um dos marcos da nova estratégia chinesa de desenvolvimento de dupla circulação. Este último conceito, o da dupla circulação, já tem aparecido na imprensa brasileira, mas é importante que mais e mais empreendedores de qualquer porte, empresários, executivos e governos brasileiros atentam para este fator, amplamente celebrado no anúncio do 14º Plano Quinquenal da China. O plano indica estratégias e prioridades para o crescimento chinês de 2021 até 2025, e foi divulgado em março deste ano.

De maneira resumida, a dupla circulação tem o mercado interno como esteio e permite que os mercados interno e externo impulsionem um ao outro. Em setembro de 2020, o presidente chinês, Xi Jinping, ao apresentar o conceito, enfatizou que o país se esforçará para melhorar a alocação de recursos, buscando o desenvolvimento regional coordenado e maior abertura da economia. Para tal, afirmou Xi na ocasião, a China precisa acelerar reformas que ajudem a aumentar a eficiência da alocação de recursos e reformas que ajudem a melhorar a qualidade e eficiência do crescimento.

A China já cumpriu muito das metas rumo ao desenvolvimento e melhor distribuição de renda (ponto que quer aprimorar). Em dezembro do ano passado, o país asiático celebrou a eliminação da pobreza extrema e, segundo o diretor-geral do Instituto de Pesquisa Internacional da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento da China, Ye Fujing, há 400 milhões de chineses na classe média. É pouco menos de um terço da população da China na parte continental, que atingiu 1.411.780.000 de pessoas em 2020, segundo o Sétimo Censo Nacional da População, divulgado em 11 de maio pelo Departamento Nacional de Estatísticas (DNE). O número não inclui residentes de Hong Kong, Macau e Taiwan e estrangeiros que vivem nas 31 províncias, regiões autônomas e municípios na parte continental do país, de acordo com o DNE. Porém, ele representa um aumento de 5,38% da população ante o dado anterior, de 2010.

Com números robustos em relação à população e também à renda, em um país que agora busca combater a desigualdade, é fácil perceber que há muito a se comercializar entre China e outros países, incluindo o Brasil. Ye Fujing falou justamente em um webinário online intitulado XIV Plano Quinquenal da China: Desafios e Oportunidades, realizado em 10 de maio e que teve apoio da Embaixada da China no Brasil, em parceria com o think tank CEBRI e o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

Enfatizando os objetivos chineses e discutindo caminhos para cooperação com o Brasil, o evento ocorreu justamente no dia em que se encerrava a Expo em Haikou. É importante atentar para o fato de que a China oferece muitas oportunidades para crescimento e desenvolvimento de negócios e parcerias. Em Haikou, não é só a exposição que indica este vigor, embora seja um marco importante para mostrar o poder de consumo dos chineses.

No plano para transformar a cidade e a província em um porto de livre comércio há a intenção de que a região seja praticamente uma feira permanente. E por isso é tão importante e precisa ser cada vez mais estudada pelos brasileiros.

Só no ano passado, foram assinados 59 projetos importantes em Hainan, 12 dos quais com capital estrangeiro. Nesta gama, estão turismo, indústria de serviços e de alta tecnologia, num montante de negócios estimados em US$ 2 bilhões em investimentos. A gigante de turismo alemã TUÍ foi uma das empresas estrangeiras a começar negócios em Hainan, incluindo uma joint venture voltada não só à China, mas à região Ásia-Pacífico. Para o Brasil, há oportunidades incríveis. Talvez poucos saibam, mas Hainan sedia campeonatos internacionais de surf, e do turismo ao esporte e à moda praia - incluindo o estilo praiano para além da faixa de areia - podem ser oportunidades. Afinal, poucos entendem do estilo de vida à beira-mar como os brasileiros - o que pode ser um ramo importante inclusive para a indústria cultural e criativa, da música à moda.

Hainan é uma ilha num clima subtropical e banhado por águas cristalinas conhecida por seus resorts. Até hoje, o turismo é um dos pilares da economia local, que agora quer se firmar como pólo de consumo não só para os chineses, mas para turistas e empresas estrangeiras.

Neste intuito, o objetivo do governo provincial é também melhorar o ambiente de negócios, e já há iniciativas governamentais para que os investidores encontrem serviços completos para abrir um negócio em um único local e fazendo com que a abertura do negócio, se aprovado, esteja liberada em dois dias úteis. Graças à tecnologia, esta abertura prevê do registro de negócios a registros cambiais.

*Jornalista e mestre em economia, viveu na China de 2007 a 2013 e fundou o Radar China, plataforma de análise das relações sino-brasileiras

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