Uma nova moda internacional que é cada vez mais local: o TikTok

Quem é que nunca criou um perfil em uma rede social para se manter conectado e em contato diário com as mais diversas fontes de informação, notícias e, por que não, fofocas? Nesse contexto os usuários estão em busca de novos dispositivos que atendam suas necessidades de comunicação em uma era dominada pelo 5G e pelos relacionamentos a distância. Não é por menos que em 23 de fevereiro começa em Xangai o Mobile World Congress, que é o maior evento de tecnologia móvel do ano e reúne os maiores especialistas da área para tratarem das novas tendencias tecnológicas do setor.

Do LinkedIn ao Instagram, as tenências de interação são as mais variadas. Porém, o que ainda faltava nesse mercado era um app que tivesse como foco a elaboração de vídeos curtos para entretenimento, através das mais inusitadas cenas do cotidiano. A resposta a essa ausência veio com o aplicativo TikTok, da empresa chinesa ByteDance e que possibilitou a criação de vídeos com um alto grau de sofisticação. Apesar do grande desafio na criação de vídeos, a empresa investiu pesado em tecnologia e hoje tudo isso é possível com ferramentas muito simples e que facilitam o processo, tornando amadores em verdadeiros profissionais na edição de vídeos de até um minuto.

Segundo dados da Época Negócios, a empresa ByteDance conquistou em 2018 o título de maior startup de tecnologia do mundo, avaliada em mais de setenta bilhões de dólares. Com sede em Pequim, a companhia lançou o aplicativo na China em setembro de 2016, com o nome de Douyin, e conta atualmente com mais de um bilhão de usuários em 150 países diferentes. Aqui no Brasil, o app de entretenimento não ficou para trás e foi o software mais baixado durante o período da pandemia, posicionando-se na frente, inclusive, do Facebook e do WhatsApp, segundo notícia da CNN Brasil.

Se os números da ByteDance com seu TikTok são impressionantes, é porque ainda não ouviram falar sobre o conjunto das maiores empresas tecnológicas da China, compostas por Baidu, Alibaba e Tencent. O app Wechat da empresa Tencent que, além de funcionar como um ambiente de jogos e interação entre os usuários, permite pagamentos instantâneos pelo celular através de QR Code e reconhecimento facial. O trio chinês é responsáveis por nada menos que o domínio de mais da metade dos serviços de internet da China. É um mercado que gira cifras exorbitantes de dólares por ano e, considerando apenas o Alibaba, temos um resultado de vendas superior a um trilhão de dólares, apesar da pandemia do coronavírus.

Seja através da remuneração por visualizações ou pela parceria na divulgação de marcas e produtos, existem várias formas de lucrar com o aplicativo. Segundo Yili Wang, professora de mandarim do curso OiChina, o TikTok foi fundamental para manter seu curso de chinês em crescimento durante a pandemia. Isso porque conseguiu conquistar novos alunos através das miniaulas e curiosidades que apresentava sobre a China na sua página do aplicativo.

Algo curioso é que após a chegada do TikTok, o aplicativo Instagram criou a função “Reels” cujo objetivo é criar vídeos divertidos com clipes de quinze segundos e o Snapchat lançou o Spotlight, que é uma funcionalidade que também possibilita o compartilhamento de vídeos curtos. Utilidades essas bem semelhantes à proposta trazida pelo TikTok, que conta ainda com algoritmos avançados para filtrar o conteúdo a ser disponibilizado aos diferentes usuários, conforme determinado padrão de preferência.

Nesse cenário, a China vem se colocando como um novo player tecnológico do mercado globalizado, por meio da criação de tecnologias que geram valor e contribuem para a economia e o entretenimento. Um modelo de negócio que está funcionando muito bem para a época de pandemia em que estamos vivendo, uma vez que todos podem aproveitar se divertindo ou tentando fazer novos negócios.

Autor: Raphael Panizzi, Engenheiro e Consultor de Soluções Tecnológicas